Publicado 04/05/2022 06:00
O dinheiro está curto no bolso, a inflação assustadora, amigos no desemprego ou vivendo de bicos. Mas não dá pra viver sem esperança. Como diz a sabedoria popular, a gente é como pau de goiabeira: enverga, mas não quebra. Por isso, seguimos na luta buscando sinais que nos façam pensar que o futuro vai ser melhor, a tempestade vai passar e a vida vai melhorar. E, no último 1º de Maio - Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, felizmente, tivemos motivos para acreditar nisso.
É verdade que a maré anda pesada, e muito. Fizeram de tudo para tirar nossos direitos, a Reforma Trabalhista foi arrasadora. E ainda tentam nos convencer que é bacana ser “empreendedor”, novo nome para quem ganha a vida com muito suor e sem carteira assinada, sujeito a ficar sem ter o que comer caso enfrente uma doença ou qualquer imprevisto que o impeça de trabalhar num mês. A "uberização" é uma armadilha disfarçada de modernismo. Deixaram a inflação correr solta, ir ao mercado é um sofrimento.
Comprar gás quase impossível, pagar transporte um desafio. Há quase 30 anos não tínhamos inflação como a atual. Isso acaba com qualquer orçamento familiar. Isso tira a possibilidade de uma vida melhor. Hoje, temos mais de 12 milhões de desempregados e a miséria se espalha pelo país.
Olhando isso tudo, você deve estar perguntando: e como falar em esperança? Sim, apesar de tudo, há luz no fim do túnel. E ela vem da consciência da população de que não podemos seguir desse jeito, que precisamos de mudança. Estamos todos cansados de fake news que circulam livremente, tentando anestesiar nossa consciência. Estamos de saco cheio de tanto ódio, de tanto discurso vazio, de ver o nome de Deus pronunciado em vão, explorado na política pelos que são desumanos, insensíveis ao sofrimento do outro.
Ninguém aguenta mais ver os amigos do poder envolvidos em tanta mamata escondida em discursos mentirosos e protegidos até da lei e por sigilos impostos para evitar que o povo saiba, de fato, o que acontece. E é a consciência de tudo isso que pode impulsionar o Brasil a mudar de rumo. É isso que fez o 1º de Maio um dia para olharmos para o futuro com fé que o próximo será melhor.
Apesar de tudo o que vivemos, ainda temos no país uma Democracia. Combalida, atacada, mas que resiste com eleições regulares. As deste ano serão decisivas. E temos que olhar pra elas como trabalhadores e trabalhadoras. É esse o nosso lugar. O voto tem consequências. Ele define se os governantes estarão do lado de quem vive do seu suor ou se estarão do lado dos grandes empresários, dos milionários, dos que vivem de renda.
O trabalhador e a trabalhadora podem e devem exigir respeito, apoiando o que lhe interessa: direitos, comida barata na mesa, emprego, saúde pública, direito à cultura e ao lazer. Não queremos um país para alguns, mas para todos e todas. E temos força para dizer isso em alto e bom som. Para digitar isso nas urnas.
Nosso lado é o da alegria, da esperança, da solidariedade, do amor e do respeito. Que esse 1º de Maio tenha nos inspirado a batalhar pela mudança e nos faça acreditar que, como diz o poeta: “A vida devia ser bem melhor, e será!”.
Sandro Cezar é presidente da CUT-Rio
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