Publicado 19/05/2022 05:00
As mudanças provocadas pela era digital vêm sendo debatidas intensamente. A digitalização invadiu as empresas e o mercado de trabalho como um todo, um caminho sem volta. Entretanto, estamos diante de um contexto preocupante, pois infelizmente, num país cujo desemprego disparou e a Educação continua precária, será inevitável o crescimento de um abismo social que já é enorme, um cenário favorável ao assédio da criminalidade aos jovens sem qualificação e oportunidade.
A taxa média de desemprego no Brasil fechou 2021 com percentual de 13,2%, similar aos 13,8% de 2020. Esses dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram uma evolução que vem desde 2016. Para se ter ideia, em 2019, por exemplo, a taxa de desemprego ficou em 11,7%, sendo que 27,5% dos desempregados procuravam emprego há pelo menos dois anos, maior proporção da série histórica iniciada em 2012.
O fato é que a transformação digital das últimas décadas não vem ocorrendo de forma igualitária para toda a população. Mesmo com todo o discurso de democratizar o acesso, fomentado atualmente com as chamadas fintechs, insurtechs, entres outras, na realidade isso não ocorre. Prova disso foram os milhares de alunos de escolas públicas sem aula durante o distanciamento social devido à pandemia de covid-19.
Uma exclusão existente, afinal, boa parte da população não tem memória o suficiente no telefone para baixar aplicativos, não tem plano de dados para poder gastar operando sua conta via celular ou ainda não tem uma boa qualidade de conexão com a internet. E existem muitas outras barreiras que não promovem a inclusão, como o fato de menos de 1% dos sites e 1% dos principais aplicativos de smartphone estarem preparados para pessoas portadoras de deficiência, que são mais de 45 milhões no país, quase 25% da população esquecida.
Se o mercado de trabalho mudou e exige novas habilidades, essencialmente no campo da tecnologia, como aqueles que não têm acesso ao ensino terão chances? E não tendo oportunidade o que farão? É aí que está o perigo. Esses ingredientes são fatores de riscos para o futuro de nossas crianças e jovens carentes, tornando-os presas fáceis para traficantes.
A transformação digital, ao invés de democratizar, reforça as fronteiras da desigualdade e, no Brasil, pode representar um abismo digital e um atalho para a criminalidade.
A taxa média de desemprego no Brasil fechou 2021 com percentual de 13,2%, similar aos 13,8% de 2020. Esses dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram uma evolução que vem desde 2016. Para se ter ideia, em 2019, por exemplo, a taxa de desemprego ficou em 11,7%, sendo que 27,5% dos desempregados procuravam emprego há pelo menos dois anos, maior proporção da série histórica iniciada em 2012.
O fato é que a transformação digital das últimas décadas não vem ocorrendo de forma igualitária para toda a população. Mesmo com todo o discurso de democratizar o acesso, fomentado atualmente com as chamadas fintechs, insurtechs, entres outras, na realidade isso não ocorre. Prova disso foram os milhares de alunos de escolas públicas sem aula durante o distanciamento social devido à pandemia de covid-19.
Uma exclusão existente, afinal, boa parte da população não tem memória o suficiente no telefone para baixar aplicativos, não tem plano de dados para poder gastar operando sua conta via celular ou ainda não tem uma boa qualidade de conexão com a internet. E existem muitas outras barreiras que não promovem a inclusão, como o fato de menos de 1% dos sites e 1% dos principais aplicativos de smartphone estarem preparados para pessoas portadoras de deficiência, que são mais de 45 milhões no país, quase 25% da população esquecida.
Se o mercado de trabalho mudou e exige novas habilidades, essencialmente no campo da tecnologia, como aqueles que não têm acesso ao ensino terão chances? E não tendo oportunidade o que farão? É aí que está o perigo. Esses ingredientes são fatores de riscos para o futuro de nossas crianças e jovens carentes, tornando-os presas fáceis para traficantes.
A transformação digital, ao invés de democratizar, reforça as fronteiras da desigualdade e, no Brasil, pode representar um abismo digital e um atalho para a criminalidade.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública
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