Publicado 20/06/2022 06:00
Não é de hoje que a mulher brasileira encara obstáculos desproporcionais quando o assunto é carreira. A demora para a conquista de direitos básicos no mercado de trabalho, o reconhecimento de jornadas que ultrapassam o expediente, a maternidade como um fator decisivo em entrevistas de emprego e a desigualdade salarial são alguns dos grandes problemas que assolam até hoje a realidade de muitas mulheres em todas as áreas.
Na contabilidade, profissão reconhecida como masculina, não é diferente. Aliás, qualquer área que demande pensamento analítico não é reconhecida como algo para mulheres, fruto do preconceito de que nós somos seres impulsionados pela emoção e incapazes de atribuir razão a muitos elementos da nossa vida, seja pelo ‘instinto feminino’, ‘maternal’ ou por uma questão puramente ‘hormonal’.
Na física, matemática, engenharia, contabilidade e em todas as áreas que um dia disseram que não eram para nós, provamos que não apenas somos capazes de ocupar nossos espaços, como também revolucionamos uma dinâmica que é perpetuada há anos: a de que, como todos, também somos feitas para isso.
A contabilidade, para além do estudo técnico, é também uma área do conhecimento humano. Para muito além de débito e crédito e de resultado, ela é também a área da esperança no próximo passo e da organização para que tenhamos perspectivas melhores. E quem melhor para analisar todas as frentes do que quem entende das adversidades?
A educação formal, que é o que nos equipara tecnicamente aos homens, precisa de mulheres que ensinem outras mulheres, o que vai além dos livros. No mercado de trabalho, não basta estarmos inseridas se os cargos de liderança não são designados a nós. E quando são, jamais serão justos se o salário for abaixo do colega masculino.
Desde 1991, o Conselho Federal de Contabilidade promove o Encontro Nacional da Mulher Contabilista, uma maneira de lembrarmos da luta da mulher no setor e de todas as conquistas nesse tempo. Hoje, nosso maior desafio é manter essa lembrança para que as futuras gerações tenham a força e inspiração para conquistar seus espaços.
Que as mulheres contabilistas tenham o mérito pelos cargos que ocupam, pela trajetória acadêmica e profissional que possuem e pelas escolhas pessoais que fazem. Que sejamos mães, analistas, consultoras, empresárias, contadoras, o que quisermos, cultivando um ecossistema de apoio para que, assim, a gente construa junto uma rede sólida para as futuras gerações femininas do Brasil.
Ilan Renz é contadora e vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do CRC RJ
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