Publicado 23/06/2022 00:00
A taxa de juros básica da Economia brasileira aumentou para 13,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ligado ao Banco Central do Brasil. Foi o 11º aumento consecutivo da taxa. Poucos devem se lembrar, mas essa taxa de juros, também conhecida como Selic, era de 2% ao ano até março de 2021. Ou seja, em pouco mais de um ano, subiu de forma estratosférica.
Qual é a importância disso para você, para sua vida e principalmente para o seu bolso? A Selic é chamada de taxa básica porque é o patamar mínimo de juros fixados pelo governo federal, servindo de parâmetro ou de ponto de partida para as demais taxas praticadas na Economia, pelos demais agentes econômicos.
Quanto maior a taxa básica, maior será a taxa de juros do crediário, do cartão de crédito e do cheque especial. Como o Brasil não conseguiu ter uma distribuição de renda justa e menos desigual, a maior parte das transações de consumo é feita com base no crédito e no endividamento do cidadão brasileiro. Havendo desequilíbrio nas contas ou furo no orçamento das famílias, surgem as dívidas, que com a taxa de juros aumentando, passam a custar cada vez mais.
Esse recurso de elevar os juros, na visão do Copom, é a melhor forma para desestimular o consumo e assim combater a inflação elevada do país, que ronda os 12% ao ano. Com as incertezas de um ano eleitoral, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia ainda sem perspectiva de solução, com a inflação no mundo crescendo e com desequilíbrio nas contas públicas internas, o receituário da tradicional macroeconomia não foge dessa armadilha.
Imagina uma pessoa que comia de tudo sem se preocupar com nada, de repente começa a ter indisposição na digestão e a se sentir mal, se dando conta que precisa maneirar a alimentação. Qual é a solução? O desejável seria que passasse a ter uma dieta controlada e saudável, mudando os seus hábitos. Mas o sistema, muitas vezes lhe impõe emagrecer de forma radical, chegando a passar fome, correndo o risco de piorar o seu estado.
A taxa de juros, em certo sentido, se assemelha a esse mal-estar digestivo. Quando sobe muito, força uma mudança abrupta dos hábitos de vida, empobrecendo financeiramente a família. Para aqueles que não tem reserva, pode provocar não apenas a diminuição do consumo, mas até a insegurança alimentar.
Com a covid-19, os preços dispararam e a renda das pessoas permaneceu estagnada, encolheu ou desapareceu, um fenômeno mundial que é bem representativo no nosso país. Por aqui, a diminuição da jornada de trabalho, desemprego e recontratação com salário menor, são uma realidade. Se analisado o CadÚnico, há cerca de 17,5 milhões de famílias em situação de extrema pobreza, vivendo com até R$ 105 por mês.
O cadastro é feito pelo governo federal e pelas prefeituras, servindo de base para o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 por mês. Hoje, há mais pessoas recebendo o benefício do que pessoas com carteira de trabalhado assinada em 12 estados brasileiros, todos localizados nas Regiões Norte e Nordeste.
A taxa de juros elevada aumenta esse drama e empurra cada vez mais brasileiros para o desespero financeiro. Na sua última ata, o Copom sinalizou que o ciclo de elevação da Selic ainda não acabou e há mais aumentos de juros vindo pela frente. Voltando a comparação com a dieta alimentar, para muitos, é como emagrecer tanto até morrer de fome.
Qual é a importância disso para você, para sua vida e principalmente para o seu bolso? A Selic é chamada de taxa básica porque é o patamar mínimo de juros fixados pelo governo federal, servindo de parâmetro ou de ponto de partida para as demais taxas praticadas na Economia, pelos demais agentes econômicos.
Quanto maior a taxa básica, maior será a taxa de juros do crediário, do cartão de crédito e do cheque especial. Como o Brasil não conseguiu ter uma distribuição de renda justa e menos desigual, a maior parte das transações de consumo é feita com base no crédito e no endividamento do cidadão brasileiro. Havendo desequilíbrio nas contas ou furo no orçamento das famílias, surgem as dívidas, que com a taxa de juros aumentando, passam a custar cada vez mais.
Esse recurso de elevar os juros, na visão do Copom, é a melhor forma para desestimular o consumo e assim combater a inflação elevada do país, que ronda os 12% ao ano. Com as incertezas de um ano eleitoral, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia ainda sem perspectiva de solução, com a inflação no mundo crescendo e com desequilíbrio nas contas públicas internas, o receituário da tradicional macroeconomia não foge dessa armadilha.
Imagina uma pessoa que comia de tudo sem se preocupar com nada, de repente começa a ter indisposição na digestão e a se sentir mal, se dando conta que precisa maneirar a alimentação. Qual é a solução? O desejável seria que passasse a ter uma dieta controlada e saudável, mudando os seus hábitos. Mas o sistema, muitas vezes lhe impõe emagrecer de forma radical, chegando a passar fome, correndo o risco de piorar o seu estado.
A taxa de juros, em certo sentido, se assemelha a esse mal-estar digestivo. Quando sobe muito, força uma mudança abrupta dos hábitos de vida, empobrecendo financeiramente a família. Para aqueles que não tem reserva, pode provocar não apenas a diminuição do consumo, mas até a insegurança alimentar.
Com a covid-19, os preços dispararam e a renda das pessoas permaneceu estagnada, encolheu ou desapareceu, um fenômeno mundial que é bem representativo no nosso país. Por aqui, a diminuição da jornada de trabalho, desemprego e recontratação com salário menor, são uma realidade. Se analisado o CadÚnico, há cerca de 17,5 milhões de famílias em situação de extrema pobreza, vivendo com até R$ 105 por mês.
O cadastro é feito pelo governo federal e pelas prefeituras, servindo de base para o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 por mês. Hoje, há mais pessoas recebendo o benefício do que pessoas com carteira de trabalhado assinada em 12 estados brasileiros, todos localizados nas Regiões Norte e Nordeste.
A taxa de juros elevada aumenta esse drama e empurra cada vez mais brasileiros para o desespero financeiro. Na sua última ata, o Copom sinalizou que o ciclo de elevação da Selic ainda não acabou e há mais aumentos de juros vindo pela frente. Voltando a comparação com a dieta alimentar, para muitos, é como emagrecer tanto até morrer de fome.
*Gilberto Braga é economista do Ibmec
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