Publicado 23/06/2022 00:00
As cenas chocantes flagradas pela CPI dos Trens nos ramais da SuperVia são provas incontestáveis de que as políticas públicas do Rio de Janeiro são desenhadas para dois tipos muito distintos de cidadania. Nas áreas ricas da metrópole partida estão cidadãos cujo poder de mobilização incomoda governador e prefeito até quando uma esteira rolante para de funcionar. No outro lado da Floresta da Tijuca está a grande maioria, submetida a humilhações diárias.
Sou da Vila da Penha e moro perto das estações do metrô e do BRT de Vicente de Carvalho. Mesmo sendo a ligação do Galeão com Centro e Zona Sul, é uma conexão que nem escada rolante tem. O passageiro, com mala e tudo, enfrenta sol ou chuva para trocar de modal. A única explicação para um projeto tão esculhambado é que ele está na Zona Norte. Ou alguém imagina ver algo assim no Leblon, no Jardim Oceânico?
Jamais haverá em Ipanema ou São Conrado milhares de pessoas morando junto aos trilhos do metrô, com venda e consumo de drogas à luz do dia, como a CPI dos Trens, da qual faço parte, registrou no ramal Belford Roxo da SuperVia. Esse desprezo pela qualidade do transporte no subúrbio causa sofrimento às famílias e desestimula investimentos que poderiam turbinar nossa economia e criar muitos empregos.
Madureira, outro destino de milhares de passageiros do BRT e da SuperVia, é o coração da Zona Norte, berço do samba. Tem um dos comércios mais fortes do Brasil. Em qualquer cidade, um bairro tão potente seria tratado a pão de ló. Por que, no Rio de Janeiro, só recebe pedradas, com estações caindo aos pedaços e pessoas de cadeiras de roda sendo carregadas no braço nas escadarias de cimento por que o elevador está sempre quebrado? Simplesmente porque fica na parte mais pobre da metrópole, que o governo estadual abandona.
Há soluções para o transporte público no subúrbio e na Baixada. A primeira seria o Estado entender que todo cidadão merece respeito, não só na Zona Sul, e deixar de ser frouxo na fiscalização da SuperVia. Não adianta aplicar uma multazinha e virar as costas enquanto o povo continua sofrendo. A segunda solução é priorizar o transporte público nos investimentos públicos, em vez de pulverizar bilhões de reais em pequenas obras com objetivos eleitorais.
Se nada for feito para proteger esse imenso patrimônio público mal gerido pela Supervia, o prejuízo será incalculável para as próximas gerações. Tudo se deteriora velozmente, e pagaremos um preço cada vez mais alto pela incompetência e irresponsabilidade do governo estadual.
Sou da Vila da Penha e moro perto das estações do metrô e do BRT de Vicente de Carvalho. Mesmo sendo a ligação do Galeão com Centro e Zona Sul, é uma conexão que nem escada rolante tem. O passageiro, com mala e tudo, enfrenta sol ou chuva para trocar de modal. A única explicação para um projeto tão esculhambado é que ele está na Zona Norte. Ou alguém imagina ver algo assim no Leblon, no Jardim Oceânico?
Jamais haverá em Ipanema ou São Conrado milhares de pessoas morando junto aos trilhos do metrô, com venda e consumo de drogas à luz do dia, como a CPI dos Trens, da qual faço parte, registrou no ramal Belford Roxo da SuperVia. Esse desprezo pela qualidade do transporte no subúrbio causa sofrimento às famílias e desestimula investimentos que poderiam turbinar nossa economia e criar muitos empregos.
Madureira, outro destino de milhares de passageiros do BRT e da SuperVia, é o coração da Zona Norte, berço do samba. Tem um dos comércios mais fortes do Brasil. Em qualquer cidade, um bairro tão potente seria tratado a pão de ló. Por que, no Rio de Janeiro, só recebe pedradas, com estações caindo aos pedaços e pessoas de cadeiras de roda sendo carregadas no braço nas escadarias de cimento por que o elevador está sempre quebrado? Simplesmente porque fica na parte mais pobre da metrópole, que o governo estadual abandona.
Há soluções para o transporte público no subúrbio e na Baixada. A primeira seria o Estado entender que todo cidadão merece respeito, não só na Zona Sul, e deixar de ser frouxo na fiscalização da SuperVia. Não adianta aplicar uma multazinha e virar as costas enquanto o povo continua sofrendo. A segunda solução é priorizar o transporte público nos investimentos públicos, em vez de pulverizar bilhões de reais em pequenas obras com objetivos eleitorais.
Se nada for feito para proteger esse imenso patrimônio público mal gerido pela Supervia, o prejuízo será incalculável para as próximas gerações. Tudo se deteriora velozmente, e pagaremos um preço cada vez mais alto pela incompetência e irresponsabilidade do governo estadual.
*Enfermeira Rejane é deputada estadual (PCdoB)
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