Publicado 29/06/2022 06:00
Sou imigrante, pois nasci no Brasil e moro atualmente na Bélgica. Eu já tinha uma trajetória profissional sólida no jornalismo e no país europeu consolidei minha carreira literária. Meu marido José fez o mesmo caminho, porém com mais luta e percalços. Ele chegou na capital belga, Bruxelas, ainda jovem, com o sonho de se tornar empreendedor.
Sofreu e enfrentou todo tipo de dificuldade, mas com persistência alcançou seu objetivo. Infelizmente, essa não é a realidade para grande parte dos imigrantes. Muitos chegam em terras estrangeiras com a bagagem cheia de sonhos e acabam vivendo à margem da sociedade. Ainda mais triste do que a situação destes imigrantes, é a dos refugiados.
Há quem não considere refugiados como imigrantes, mas segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), eles são sim imigrantes, já que estão se deslocando de um país para outro. Os últimos dados divulgados pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) mostram que até o primeiro semestre de 2021, quase 27 milhões de pessoas no mundo foram encontradas nessa situação.
Grande parte destes refugiados é vítima das guerras que assolam o planeta. E apesar de a atenção neste momento estar voltada para a Ucrânia, os conflitos estão por toda parte. Há outros 28 países enfrentando confrontos armados, alguns há décadas. São exemplos o Iêmen, Nigéria, Síria, Mianmar e Somália que, juntos, respondem por 44,6% dos eventos e 55% das mortes.
Tento me colocar no lugar dessas pessoas, mas é inimaginável a dor de quem vivencia uma guerra. Bombardeios, ataques armados, sequestros, estupros... são inúmeras as situações de terror em um cenário de confronto entre grupos ou nações inimigas. Guerras são cruéis e danosas, especialmente para os civis.
As populações de países em guerra fogem porque são atingidas nas suas necessidades mais básicas: perdem casa, emprego, acesso a serviços essenciais, passam fome e enfrentam todo tipo de miséria. Guerras vitimam inocentes, deixam pessoas desaparecidas, trazem caos e destroem famílias. Elas não deveriam existir, em minha humilde opinião.
Por fim, penso nos traumas na vida das crianças. Psicólogos sustentam que as sequelas, muitas vezes, ficam para sempre. Elas são obrigadas a amadurecer precocemente.
Em meio ao caos, no entanto, também há solidariedade. Organizações internacionais de ajuda humanitária como o Unicef, Médicos sem Fronteiras (MSF) e Cruz Vermelha trabalham incessantemente com a ajuda de voluntários e parceiros para levar suporte material e emocional a essas pessoas. O problema é que fechar cicatrizes é muito difícil. São traumas que deixam consequências duradouras para as futuras gerações.
Isa Colli é jornalista e escritora
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