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Alberto Lott Caldeira Cirurgião plástico, Mestre, Doutor e professor regente do IACP
Publicado 13/07/2022 00:00
O Brasil é o segundo país do mundo onde mais se faz cirurgia plástica, em número de procedimentos cirúrgicos estéticos, abaixo dos Estados Unidos. É também o segundo do mundo em número de publicações científico-cirúrgicas.
Os adolescentes brasileiros se submetem cada vez mais a cirurgias plásticas. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos últimos dez anos houve um aumento de 141% no número de procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos. Em 2016 — ano do último censo da SBCP—, foram feitas 1.472.435 cirurgias plásticas estéticas ou reparadoras em solo nacional, das quais 6,6% foram em pacientes com até 18 anos. Por motivos semelhantes, a Sociedade Americana de Cirurgiões (ASPS), não endossa o uso de implantes mamários para fins estéticos em adolescentes com idade inferior a 18 anos, legalmente, não podem consentir a cirurgia. Os pais ou responsáveis devem dar o seu consentimento, embora adolescentes entre as idades de 12 e 17 anos devam ser capazes de aprovar o procedimento cirúrgico.
A adolescência é um momento de rápidas mudanças e desequilíbrios na imagem corporal. A aparência é um fator de risco à insatisfação, podendo ter um impacto negativo na vida social dos adolescentes, que comparam seus corpos o tempo todo. A reavaliação constante da imagem para si e para os outros pode provocar mudanças, como diferentes opções de penteados ou roupas, ou, em alguns casos, comportamentos alimentares patológicos. A adolescência é um momento chave no desenvolvimento do corpo e da imagem, em decorrência das normativas e dos desafios dessa faixa etária, tais como: o desenvolvimento puberal, a formação de identidade, a imagem e a sexualidade.
As cirurgias plásticas são mais complexas nessa idade e podem não ser apropriadas para todos os adolescentes, há questões de ordem psicossocial, ética, legal e cirúrgica a serem analisadas.
Uma das limitações da cirurgia plástica em adolescentes é representada pela ausência de um completo desenvolvimento corporal. Podem existir problemas psicossociais como inseguranças relacionadas à mama, símbolo da sexualidade feminina. O tamanho e forma das mamas podem revelar inconformidades psicoemocionais e pressões socioculturais que contribuem para a insatisfação comprometendo a autoestima desses pacientes. Adolescentes podem não ter a maturidade para considerar as consequências futuras.
Os cirurgiões devem fornecer aos pacientes e aos seus responsáveis informações precisas sobre o procedimento e suas consequências em médio e longo prazo, fornecendo-lhes as orientações para que possam decidir em plenitude dos fatos.
*Alberto Lott Caldeira é cirurgião plástico, Mestre, Doutor é professor regente do Curso de especialização em Cirurgia Plástica do Instituto Avançado de Cirurgia Plástica (IACP).Professor convidado do Departamento de Pós-graduação em Cirurgia Plástica da Universidade Federal do Estado do RJ – UNIRIO É Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica . Miembro Titular de la Federación Ibero Latino-americana de Cirurgia Plástica Y Reconstructiva – FILACP
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