Publicado 29/07/2022 00:00
O conceito de vulnerabilidade social no vocabulário da Assistência Social é polissêmico e multifacetado. É um desses casos em que a etimologia da palavra pode dar uma pista sobre seu significado, mas não esclarecê-lo totalmente. Na raiz do vocábulo, de origem latina, está o substantivo “vulnus”, que significa “ferida”. Compreende-se, assim, que as pessoas que se encontram em condição de vulnerabilidade social estão sujeitas a feridas, expostas, desprotegidas.
A causa dessa vulnerabilidade — ou desproteção — está intimamente ligada à condição de pobreza material, mas não pode ser resumida a ela. Também incorpora fatores relacionados à inserção e à estabilidade no mundo do trabalho, ao acesso a serviços de proteção social e à fragilidade dos vínculos sociais e familiares, como defendem autoras como Lílian Rodrigues da Cruz, Betina Hillesheim e Miriam Abramovay. Também é preciso levar em conta a exposição a situações de exclusão social em virtude de preconceito, como racismo, machismo e LGBTfobia, ou de deficiência. O caráter simbólico, portanto, que produz efeitos concretos na vida das pessoas, é fundamental para a compreensão mais aguda do conceito em questão.
Para enfrentar a situação de vulnerabilidade social, é preciso utilizar um conjunto variado de estratégias que visam à promoção do bem-estar e da dignidade das famílias e indivíduos. Essas estratégias de proteção social partem em geral do Estado por meio de políticas públicas como a Educação e a Saúde, por exemplo, ou a Previdência e a Assistência Social, mas também das organizações que atuam nas lacunas deixadas pelo poder público: são as organizações e instituições do terceiro setor, como é o caso do Lar Fabiano de Cristo (LFC), Organização da Sociedade Civil (OSC) prestadora de Assistência Social.
O LFC atua desde 1958, em especial, na execução do que hoje se chama Proteção Social Básica, nível mais fundamental de proteção determinado pela Política Nacional de Assistência Social e que tem por objetivo apoiar pessoas que vivenciam situações de vulnerabilidades, como as listadas acima, e contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Utilizando-se da integração com a comunidade, com os serviços públicos e
realizando atividades de orientação e acompanhamento social e de Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), traça e acompanha-se, junto às famílias, seus próprios Planos de Qualidade de Vida.
realizando atividades de orientação e acompanhamento social e de Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), traça e acompanha-se, junto às famílias, seus próprios Planos de Qualidade de Vida.
Em cada momento do desenvolvimento humano, as pessoas podem estar expostas a diferentes situações de vulnerabilidades. Esta ideia de que em cada etapa da vida a vulnerabilidade se manifesta de uma maneira específica está presente no conceito de “ciclo de vida”, largamente utilizado na Assistência Social. Desta maneira, cada grupo do SCFV desenvolve atividades que contemplam as demandas de cada ciclo de vida —
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Apesar das diferenças de questões e abordagens, em todos os ciclos de vida são tratados eixos norteadores que abordam os temas de integração social e cidadania. Trabalhar para a superação das vulnerabilidades, assim, contribui largamente para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Apesar das diferenças de questões e abordagens, em todos os ciclos de vida são tratados eixos norteadores que abordam os temas de integração social e cidadania. Trabalhar para a superação das vulnerabilidades, assim, contribui largamente para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
*Felipe Marques é jornalista, pesquisador e assessor de Relações Institucionais do Lar Fabiano de Cristo e Luiza Lima é assistente social do Lar Fabiano de Cristo
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