Publicado 30/07/2022 00:00 | Atualizado 31/07/2022 11:42
Entre os dias 24 e 26 de julho ocorreu uma série de reuniões na cidade de Danbury, no Estado de Connecticut, a convite de John Krupinski, policial norte-americano presidente da FOP, nas quais participaram os parlamentares deputados federais Gurgel (PL/RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL/SP). Esta agenda teve ainda a participação do prefeito da cidade, Dean Esposito, e foi organizada por um brasileiro, Ednei Lima, o qual, natural de Volta Redonda, já foi por duas vezes condecorado como herói nos EUA.
Os participantes da comitiva conheceram um modelo de polícia que é referência para o mundo inteiro. Além da excelência na atuação preventiva e repressiva, destaca-se a integração entre a sociedade e a instituição policial. Essas estruturas integradas permitem eficiência no combate ao crime e são um dos vetores a serem desenvolvidos em nosso país. É preciso criar uma relação de confiança e parceria entre a sociedade e a polícia.
Fiquei particularmente entusiasmado porque os parlamentares fizeram contato com a Ordem Fraternal de Polícia (FOP), organização responsável pelo intercâmbio entre as Polícias de todo mundo, que oferece serviços, treinamento e tecnologia no campo de segurança pública com excelência de renome internacional. Em um momento no qual o crime está cada vez mais organizado e interconectado, o mínimo que as forças de segurança precisam fazer é também estarem conectadas e fornecendo apoio mútuo. Parte desse apoio deve vir do Estado, mas outra parte pode e deve vir da atividade associativa dos profissionais que militam na área.
A FOP tem, no mundo inteiro, mais de 380 mil policiais membros, possui instituição financeira própria (banco) e oferece serviços de educação, com cadastro de universidades, apoio à saúde, bem-estar, treinamentos, cursos, seguros, empréstimos, auxílio em desastres, moradia, defesa legal, entre outros serviços. Existe ainda uma indenização feita à viúva do policial falecido, no valor aproximado de 350 mil dólares. Os Deputados Federais Gurgel e Eduardo Bolsonaro, ambos policiais, passaram a fazer parte dessa organização, embora o Brasil ainda não a componha. Queremos crer que isso seja questão de tempo e que em breve os policiais brasileiros tenham acesso a toda essa gama de proteções, apoio e benefícios. Na qualidade de ex-policial (fui Delegado da Polícia Civil/RJ), sei que uma de nossas maiores preocupações é, em caso de morte em serviço, como ficará a nossa família.
Durante a imersão no sistema policial na cidade de Danbury, foi verificada a importância que o Poder Público local atribui às forças de segurança pública, com viaturas dotadas de sistemas e computadores de alta performance com o que há de mais moderno em termos tecnológicos, além de outros recursos integrados para deslocamento, geolocalização referenciada e acesso a dados integrados e atualizados em tempo real. Os recursos tecnológicos disponíveis nas estruturas móveis permitem alto grau de eficácia e a identificação imediata de delinquentes. Toda essa estrutura possibilita aos agentes policiais a prevenção de delitos, além de combater a criminalidade com eficiência, protegendo a sociedade e obtendo a credibilidade da população destinatária do sistema de segurança pública. Todos esses recursos reduzem as mortes de policiais e de suspeitos, assim como diminuem outros graves problemas que enfrentamos no Brasil: suicídios e reformas por questões de saúde ou ferimentos ocorridos em serviço.
A cultura de combate ao crime e o respeito atribuído às forças policiais demarcam atos de homenagens e referências aos homens e mulheres que deram a vida para proteger a vida da sociedade, com homenagens à atitude, à memória e aos familiares daqueles que honraram suas fardas na missão de servir e proteger.
A busca por segurança pública no Brasil enfrenta uma realidade assimétrica, na qual os meios à disposição da polícia e dos criminosos são extremamente desiguais, a começar pela forma como a imprensa e a as universidades tratam cada um dos lados. Muitos adotam um discurso focado apenas em questões sociais, mas este é insuficiente para explicar as falhas operacionais e os resultados eventualmente desastrosos decorrentes de um modelo desestruturado de gestão das corporações policiais. Chegamos a ter uma situação quase esquizofrênica, na qual muitos reclamam da falta de segurança pública ao mesmo tempo que manietam e perseguem todo o trabalho policial. Enfim, não há como haver combate ao crime sem respeitar o policial e sem investir nos diversos ramos policiais.
Estamos certos de que é preciso investir na polícia e que a política pública de Segurança, além de considerar diversos fatores, deve ter como eixos estratégicos de investimentos a tecnologia de ponta, a disponibilização de recursos materiais e a valorização profissional dos homens e mulheres que, para defender a sociedade de bem, estão dispostos a entregar suas próprias vidas.
Infelizmente muitos têm feito isso, tornando-se heróis nem sempre reconhecidos, embora sempre deixando sozinha uma família e interrompidos seus sonhos e carreira. Essas histórias e famílias incompletas precisam ser objeto de atenção por parte do Estado. Torcemos para que esta visita renda muitos frutos!
*William Douglas é professor de Direito Constitucional, desembargador federal/ TRF2, pós-graduado em Políticas Públicas e Governo, escritor.
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