Diego Igawa Martinez é coordenador de Projetos da Fundação SOS Mata Atlântica. Léo Barrilari/ Divulgação
Publicado 02/08/2022 00:00 | Atualizado 02/08/2022 14:48
Se você fechar os olhos e tentar imaginar alguns símbolos da natureza e da paisagem brasileira, o que viria na sua mente? As cataratas do Iguaçu? Fernando de Noronha? A floresta da Tijuca?
Todas elas têm algo em comum: estão em áreas protegidas por Unidades de Conservação, espaços instituídos pelo poder público com o objetivo de proteção ambiental ou uso sustentável dos recursos naturais. Esse conceito foi consolidado pela Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que acaba de completar 22 anos – foi promulgada em 18 de julho de 2000.
Mas as primeiras Unidades de Conservação surgiram muito antes. O primeiro Parque Nacional brasileiro, o Parque Nacional do Itatiaia, foi criado em 1937 e abrange áreas nos municípios de Itatiaia e Resende, no Rio de Janeiro, além de Bocaina de Minas e Itamonte, em Minas Gerais. Em seguida vieram o Parque Nacional de Iguaçu, no Paraná, e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, também no estado do Rio.
No início, as Unidades de Conservação eram criadas para a proteção de paisagens singulares ou outras características icônicas do ambiente natural. Aos poucos, as motivações passaram a ser a conservação da biodiversidade, oportunidades de desenvolvimento socioeconômico e, mais recentemente, a manutenção dos serviços ecossistêmicos e o enfrentamento das mudanças climáticas.
Esses esforços de conservação possuem um valor enorme. Na Mata Atlântica, só o impacto econômico positivo das Unidades de Conservação para a manutenção da qualidade da água que é captada para consumo humano é avaliado em mais de R$ 5 bilhões ao ano, segundo estudo organizado por pesquisadores da UFRJ e UFRRJ.
Há tempos está comprovado que essas áreas protegidas são importantes para a conservação da fauna e flora, mas, mais recentemente, a ciência demonstrou seus benefícios para a saúde humana, física e mental. O contato com a natureza também é fonte de inspiração – e estimular a visitação em Unidades de Conservação é uma ótima maneira de engajar a sociedade na causa socioambiental.
Infelizmente, a sociedade brasileira ainda usa pouco suas áreas protegidas. Em 2021, de acordo com relatórios do ICMBio, cerca de 7 milhões de pessoas visitaram as Unidades de Conservação federais. Em comparação, o número de visitantes nos Parques Nacionais dos Estados Unidos durante o mesmo período foi de 297 milhões, quase 50 vezes maior.
Para criar uma cultura de visitação e valorização de áreas protegidas, a Coalizão Pró-UCs, coletivo composto por diversas organizações, vem promovendo desde 2018, sempre no primeiro fim de semana após o aniversário da SNUC, a campanha Um Dia no Parque, com uma programação de atividades diversificadas pelo país. O engajamento é crescente: na edição deste ano, que aconteceu em 24 de julho, foram 350 Unidades de Conservação participantes, mais do que o dobro da primeira edição. Mas, para além desse dia, é importante valorizar sempre as nossas áreas protegidas.
Não importa se você planeja uma grande expedição a um Parque Nacional ou se quer passear no final de semana com a família no seu Parque Municipal mais próximo – a cultura de valorização das Unidades de Conservação é construída pouco a pouco, dia após dia. Mesmo em tempos de notícias desastrosas para o meio ambiente, a persistência é a chave.
*Diego Igawa Martinez é coordenador de Projetos da Fundação SOS Mata Atlântica.
Leia mais