Publicado 18/08/2022 06:00
Uma notícia recente me deixou frustrado, enquanto secretário municipal de Turismo. Um grupo de turistas holandeses que queria conhecer as belezas do mais antigo jardim botânico da América Latina, o do Rio de Janeiro, criado por decreto real por Dom João VI, em 13 de junho de 1808, foi barrado na entrada.
Para a surpresa deles e de milhões de turistas, como eu, a explicação era que o órgão não aceita pagamento com cartões emitidos no exterior. Além do balde de água fria nos visitantes e da indignação que tal notícia criou em todos, traz também uma reflexão importante.
Em pleno século 21, onde é possível ter contas em bancos virtuais e fazer pagamentos com crédito ou débito nas mais variadas moedas, e ainda temos situações como essa. Acho que é preciso mostrar que a metrópole Rio de Janeiro não pode se ater a práticas de lugares provincianos.
Fosse essa a regra geral, ao viajarmos para o exterior teríamos de levar malas de dinheiro em espécie, uma prática que tem sido abolida nos demais países do mundo e nos destinos turísticos que disputam conosco a atração dos visitantes.
Fosse essa a regra geral, ao viajarmos para o exterior teríamos de levar malas de dinheiro em espécie, uma prática que tem sido abolida nos demais países do mundo e nos destinos turísticos que disputam conosco a atração dos visitantes.
A nota me fez entender que, além de trabalhar a política de turismo da Cidade Maravilhosa, precisamos discutir com todos os segmentos ligados ao setor as fórmulas para facilitar a vida dos nossos visitantes. Tenho certeza de que, assim como no Jardim Botânico, outras atrações possuem regras que estão bem distantes das políticas adotadas em todo o mundo nesse século.
Temos de entender o que levou a definição de cada uma dessas regras, discutir as mudanças diante de um novo cenário e reforçar a imagem de que nossa cidade está conectada às boas práticas e a uma economia globalizada.
Essa conversa precisa ser urgente, pois ao mostrar o Rio de Janeiro como uma cidade plural, com oportunidades múltiplas no setor turístico, temos de oferecer as ferramentas para que essas possibilidades aconteçam. A Cidade Maravilhosa precisa reforçar a sua imagem de uma metrópole internacional, usar essa questão dos turistas holandeses como um ponto de reflexão e de mudança. Precisa ser a ferramenta para darmos um passo à frente e conquistarmos o pódium.
O Rio de Janeiro, como sabemos, é um dos destinos mais desejados em todo o mundo, seja por suas belezas naturais, a hospitalidade de seu povo ou pela liberdade que as pessoas sentem ao conhecerem o ‘espírito carioca’. Esse estado de espírito que é ser carioca faz com que ano a ano aumente o número de visitantes, nacionais e estrangeiros, que querem aplaudir o pôr do sol no Arpoador, fazer a clássica foto de braços abertos aos pés do Cristo ou, simplesmente, observar o cair da noite no alto do Pão de Açúcar, apercebendo-se aos poucos dos bairros que vão se iluminando com o fim de mais um dia.
Esse é o Rio que queremos e que precisamos oferecer aos nossos visitantes. Temos de fazer de cada visitante um ‘carioca’, embaixador de nossa cidade nos quatro cantos do mundo.
Antonio Mariano é secretário municipal de Turismo
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