Paulo Baía é sociólogo, cientista político e professorDivulgação
Publicado 13/09/2022 06:00
Estamos nos vinte dias finais da campanha eleitoral de 2022, campanha para presidente da República, governador, senador, deputado estadual e deputado federal. Fico muito feliz ao andar pelas cidades do país e ver que todas estão limpas, não há poluição visual, não há aquela sujeira de galhardetes em cima de galhardetes, de faixa em cima de faixas. A dinâmica e o visual eleitoral mudou e mudou para melhor, ganhou seriedade, sobriedade, fantástica civilidade.
Nas últimas eleições, essa sobriedade e sustentabilidade fez com que algumas situações se tornassem plasticamente belas. Em uma cidade, entre milhares de cidades, vi uma caminhada de pessoas nas duas margens de uma estrada carregando bandeiras coloridas, de todas as cores, com seus candidatos a presidente da República, a governador, a senador, a deputado estadual e deputado federal.
Bandeiras bonitas, era uma espécie de procissão laica e cívica. Todos tinham um panfleto nas mãos para oferecer carinhosamente àqueles que cruzassem com a procissão.
Pelo que tenho visto em várias capitais do Brasil, nas praças, avenidas, ruas, vielas e becos grupos aglomeram, pessoas solidárias se posicionam com bandeiras. Distribuem seus conceitos de vida e suas candidaturas, suas propagandas impressas em papel, panos e fibras vegetais e/ou sintéticas com orgulho e dignidade visual.
As panfletagens digitais, nas plataformas cibernéticas, nas redes sociais, nas redes de smartphones, estão sendo muito bem utilizadas. Ganhamos todos com essa nova forma de fazer campanha no Brasil, de leste a oeste, de norte a sul.
Por que ganhamos todos? Os candidatos a deputado estadual e federal estão nas ruas, estão em cada pedaço de chão, em seus quadrados mais íntimos e de proximidade, estão face-a-face com seu eleitor, estão face-a-face com os eleitores em cidades limpas, limpas daquele festival de tapetes de "santinhos", limpas do festival de galhardetes. Como disse antes, limpas de centenas de faixas colocadas umas sobre as outras. Uma eleição geral que tem milhares de candidatos em cada estado da federação. Pelas regras atuais, temos um ganho enorme, não apenas em termos de sustentabilidade e economia.
É um ganho imenso na medida em que as campanhas ganham um espaço para discussão face a face entre as pessoas, os cidadãos e cidadãs. Não uma disputa para mostrar quem suja mais a cidade, quem coloca mais galhardetes, quem coloca mais faixas, quem suja mais o chão dos locais de votação, quem faz o tapete mais grosso e volumoso, para que no primeiro horário da eleição as pessoas passem em cima daquela sujeira de papel e tintas, que para existir exigiam o corte de milhões de árvores - pois para ter papel, temos que ter celulose, para ter celulose temos que ter floresta e manejo florestal.
As campanhas eleitorais se tornaram viáveis economicamente, financeiramente, e corretas pelo ponto de vista ambiental. A disputa ganhou em limpeza, sustentabilidade e competitividade nesse novo formato ecologicamente correto. Deputados estaduais, federais, senador, governador e presidente da República ocupam as cidades de forma ordeira e civilizada, com muita paixão, com muito arrojo. Mostram-se face-a-face, é uma ambiência absolutamente notável, uma campanha de eleição geral sustentável, pelo ponto de vista econômico/financeiro, higiênico, visual e ambiental.
Todos nós ganhamos muito com a sabedoria do Congresso Nacional em regulamentar as campanhas eleitorais pelo viés da limpeza pública, da antipoluição e da sustentabilidade.
Paulo Baía é sociólogo, cientista político, técnico em estatística e professor da UFRJ
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