Publicado 04/10/2022 06:00
O uso excessivo dos meios digitais diminuiu os encontros presenciais, a interação social, a leitura de livros, as conversas e também as contações de histórias, que já foram tão presentes no dia a dia das pessoas. O ato de contar histórias possibilita reflexões sobre aspectos essenciais e urgentes da nossa sociedade, tais como a tolerância, o respeito ao próximo e a cidadania, entre outros.
A tradição oral da contação de histórias, onde a voz constitui o mais antigo meio de transmissão de conhecimento, era passada de geração em geração e assim culturas, valores e mistérios do mundo eram preservados.
O contador de histórias reflete o seu tempo e convoca o ouvinte a refletir também. Para além dos símbolos, das metáforas, do cenário, das alegorias de um conto têm os dramas sociais, as problemáticas universais, as grandes questões filosóficas e muito, muito mais.
Hoje em dia o contador de histórias é uma profissão e tem a mesma importância dos contadores tradicionais: preservar a sociedade através da voz. Ainda que haja livros, fotografias, filmagens, internet e diversos outros meios de registro da palavra, a voz do contador de histórias é insubstituível, uma vez que ela não é só um meio de passar adiante os costumes, as tradições, os mitos de um determinado povo, mas principalmente sua visão de mundo, os seus valores, seus questionamentos e suas dúvidas.
Para além da sua matéria prima, as histórias em si, a arte de contar ou narrar histórias é patrimônio imaterial presente em todas as culturas. Participar dessa manifestação cultural desde a mais tenra idade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e emocional dos indivíduos. É a porta de entrada, através do universo fantástico, para a crueza do mundo real com todos os seus dilemas e questões. Afinal de contas, sem conflito não há história.
Outro objetivo importante está bastante presente na compreensão do uso da contação de histórias hoje em dia. O incentivo e a promoção do hábito da leitura, através do contato direto com a materialidade dos livros, com todas as camadas físicas e simbólicas que o compõem.
E incentivar o hábito da leitura leva a contação a ser não só uma aliada da Educação, mas ser a própria Educação. É a Educação que está contida na contação de histórias e não o inverso. Ou seja, para mim utopicamente todas as aulas deveriam ser grandes rodas de histórias. Cada professor e professora deveriam conseguir passar os conteúdos aos alunos criando o ambiente mágico de uma sessão de histórias, senão em todo tempo, uma considerável parte dele.
Se temas difíceis como a morte, a violência, o estupro, a separação, a miséria, entre outros são abordados nos contos, por que não fazer o mesmo com álgebra ou química? Um bom exemplo é de Malba Tahan, pseudônimo do professor de matemática Júlio César de Mello e Souza, que através do seu livro “O Homem que calculava” ensinou sua temida disciplina de forma prazerosa e envolvente.
Pensando sempre em estimular a leitura e divulgar essa arte milenar nós, da Cia do Solo, desenvolvemos o projeto ‘Solos de Histórias’ com contação de histórias e outras ações de estímulo à oralidade e a leitura que vamos apresentar em praças públicas do Rio de Janeiro e em mais cinco municípios fluminenses durante os meses de outubro e novembro deste ano.
A tradição oral da contação de histórias, onde a voz constitui o mais antigo meio de transmissão de conhecimento, era passada de geração em geração e assim culturas, valores e mistérios do mundo eram preservados.
O contador de histórias reflete o seu tempo e convoca o ouvinte a refletir também. Para além dos símbolos, das metáforas, do cenário, das alegorias de um conto têm os dramas sociais, as problemáticas universais, as grandes questões filosóficas e muito, muito mais.
Hoje em dia o contador de histórias é uma profissão e tem a mesma importância dos contadores tradicionais: preservar a sociedade através da voz. Ainda que haja livros, fotografias, filmagens, internet e diversos outros meios de registro da palavra, a voz do contador de histórias é insubstituível, uma vez que ela não é só um meio de passar adiante os costumes, as tradições, os mitos de um determinado povo, mas principalmente sua visão de mundo, os seus valores, seus questionamentos e suas dúvidas.
Para além da sua matéria prima, as histórias em si, a arte de contar ou narrar histórias é patrimônio imaterial presente em todas as culturas. Participar dessa manifestação cultural desde a mais tenra idade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e emocional dos indivíduos. É a porta de entrada, através do universo fantástico, para a crueza do mundo real com todos os seus dilemas e questões. Afinal de contas, sem conflito não há história.
Outro objetivo importante está bastante presente na compreensão do uso da contação de histórias hoje em dia. O incentivo e a promoção do hábito da leitura, através do contato direto com a materialidade dos livros, com todas as camadas físicas e simbólicas que o compõem.
E incentivar o hábito da leitura leva a contação a ser não só uma aliada da Educação, mas ser a própria Educação. É a Educação que está contida na contação de histórias e não o inverso. Ou seja, para mim utopicamente todas as aulas deveriam ser grandes rodas de histórias. Cada professor e professora deveriam conseguir passar os conteúdos aos alunos criando o ambiente mágico de uma sessão de histórias, senão em todo tempo, uma considerável parte dele.
Se temas difíceis como a morte, a violência, o estupro, a separação, a miséria, entre outros são abordados nos contos, por que não fazer o mesmo com álgebra ou química? Um bom exemplo é de Malba Tahan, pseudônimo do professor de matemática Júlio César de Mello e Souza, que através do seu livro “O Homem que calculava” ensinou sua temida disciplina de forma prazerosa e envolvente.
Pensando sempre em estimular a leitura e divulgar essa arte milenar nós, da Cia do Solo, desenvolvemos o projeto ‘Solos de Histórias’ com contação de histórias e outras ações de estímulo à oralidade e a leitura que vamos apresentar em praças públicas do Rio de Janeiro e em mais cinco municípios fluminenses durante os meses de outubro e novembro deste ano.
Gabriel Sant´Anna é contador de histórias, escritor, palhaço, ator e fundador da Cia do Solo.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.