Publicado 08/11/2022 05:00
Desde a noite de 30 de outubro, uma angústia tomou conta do meu coração. Feliz com a vitória com o resultado, porém muito preocupada com o sentimento de ódio que as pessoas andam espalhando, principalmente pelas redes sociais. Lula foi eleito presidente da República pela terceira vez, com pouco mais de dois milhões de votos a mais que o presidente Jair Bolsonaro, a menor diferença entre o primeiro e o segundo colocados desde a redemocratização do país. O resultado apertado mostra um país dividido e, acima de tudo, polarizado.
Em seu discurso após a vitória, Lula pregou a união nacional e pediu a ajuda de todos os segmentos da sociedade. “Convido a cada brasileiro e cada brasileira, independentemente de que candidato votou nesta eleição, mais do que nunca, vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une que para nossas diferenças. Sei da magnitude da missão que a história me reservou e sei que não poderei cumpri-la sozinho. Vou precisar de todos os partidos políticos, trabalhadores, empresários, parlamentares, governadores, prefeitos, gente de todas as religiões, brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno”, disse Lula.
Para que o clima possa melhorar, será necessário menos divergência, menos ataques, mais diálogo, empatia e compreensão entre as pessoas, dos dois lados. Vários políticos têm se manifestado em defesa da conciliação. Apesar de Bolsonaro ter demorado a se pronunciar, seu vice Hamilton Mourão logo reconheceu o resultado das urnas e se colocou à disposição para ajudar na transição. É disso que o Brasil precisa: pessoas com grandeza de espírito.
Uma nota divulgada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) traz uma mensagem que me chamou a atenção: “O exercício da cidadania não se esgota com o fim do processo eleitoral. Que todos possam caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum”. É isso.
Temos desafios enormes, como superar as desigualdades, recuperar a Economia, o respeito internacional... A caminhada pela reconciliação será longa, mas se as pessoas não desarmarem principalmente suas mentes e espíritos, não vamos chegar a lugar algum.
O novo presidente foi eleito democraticamente. Disposição não deve lhe faltar, ainda que aos 77 anos, para governar o Brasil pelos próximos quatro anos. Agora você que lê este meu texto, deixo uma reflexão: se o seu candidato não foi o escolhido, se fortaleça para fiscalizar, fazer uma oposição construtiva e responsável. Daqui a quatro anos, você terá uma nova oportunidade de renovar seu voto por meio das urnas. Assim é a democracia.
Isa Colli é jornalista e escritora
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