Publicado 28/11/2022 06:00
Uma espiada no celular para conferir as fotos dos amigos e, de repente, você se vê impactado por anúncios de produtos com preços incríveis. O que fazia mesmo no celular? Não importa, agora já está interessado nas diversas pechinchas online. E tem que escolher rapidamente, diz o anúncio, porque está acabando. Entusiasmado, você clica. É redirecionado a uma página diferente do habitual, mas com características semelhantes. Deixa para lá os detalhes, pois o preço está tentador. Ao conferir as informações para pagamento, se depara com um nome diferente da razão social da empresa. Ué, estranho. Mesmo assim coloca dados pessoais e bancários.
Levante a mão quem nunca ouviu uma história assim ou tenha vivido algo parecido. É o típico “ritual” do golpe, e posso explicar os motivos. Parece óbvio dizer que é necessário redobrar a atenção em casos como este. Os riscos, afinal, parecem tão claros. Certo? Mais ou menos. É preciso levar em conta que as compras muitas vezes são feitas de maneira emocional. Há vasta literatura sobre o impacto das emoções na decisão de adquirir um bem. E uma vitrine online, colorida e farta, com bons preços, parece realçar este fator, não? É nisso que apostam os aproveitadores.
O apelo ao imediatismo é uma das estratégias mais usadas por criminosos. “Corra antes que acabe” é o gatilho para levar o consumidor a rapidamente clicar no botão “comprar”. Desconfie das ofertas imperdíveis mediante única forma de pagamento, de lojas online desconhecidas prometendo mundos e fundos, além de descontos imperdíveis. E, claro, redobre a atenção em tempos de Black Friday e Natal, ocasiões em que as ofertas aumentam e as oportunidades de golpes também. Esses eventos, aliados a certa empolgação e receio de perder boas compras, se transforma em ambiente perfeito para golpistas.
Segundo a Associação Brasileira do Varejo, datas como Black Friday, Copa do Mundo e Natal devem aumentar as vendas em 12% em comparação ao 1º semestre, além de injetarem mais de R$ 20 bilhões na Economia. Em 2021, as tentativas de fraudes durante a Black Friday no Brasil cresceram 131,54%, em comparação ao mesmo período em 2020, segundo pesquisa da ClearSale. Financeiramente, foram R$ 125,8 milhões em fraudes evitadas no e-commerce em 2021, contra R$ 70,3 milhões em 2020 – alta de 78,93%.
Especialmente neste período, fique atento ao acessar sites de e-commerce, perfis em redes sociais ou anúncios em marketplaces que conduzem à negociação para fora do ambiente seguro, certificando sempre a legitimidade do site em que está navegando. Dê preferência aos sites conhecidos e, mesmo assim, sempre confirme no navegador se o endereço da página da loja está correto. Em caso de lojas desconhecidas por você, vale a busca sobre o vendedor em sites de reputação para verificar reclamações. E nunca clique no link de uma oferta.
É preferível acessar o site do vendedor digitando seu endereço no navegador e, então, buscar o produto. Também não ligue para números de telefones recebidos por SMS – contate somente os telefones oficiais das lojas ou do seu banco. Na hora de pagar, use o cartão virtual em compras online e mantenha o seu cartão de crédito físico bloqueado para uso na internet, se o seu banco disponibilizar essa funcionalidade.
Se for pagar com Pix, boleto ou transferência, confira o valor e o nome da empresa ou do vendedor antes de concluir a compra e garanta que a transação ocorrerá mesmo para quem deve receber. E lembre-se sempre de adotar o velho certeiro provérbio: “quando a esmola é demais, o santo desconfia”.
Adriano Volpini é diretor de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco
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