Publicado 05/12/2022 05:00
Este ano marcou o centenário de um dos mais notáveis brasileiros do século passado. Mario Bhering, um engenheiro, apolítico, que conquistou a admiração e o respeito de presidentes de diferentes tendências, desde JK, aos três militares, Costa e Silva, Médici e Geisel, a Tancredo Neves e José Sarney. Um gigante pelos valores éticos, morais, técnicos e de liderança inconteste.
Podemos chamar Mario Bhering de “pai do setor elétrico brasileiro” pelos relevantes serviços prestados e participação nos grandes projetos que dotaram o país de invejável acervo hidrelétrico. Foi pioneiro no projeto e obra de Itaipu, acordo binacional assinado no governo Médici para a construção de gigantesca usina.
Com JK, Bhering participou da fundação da Cemig e foi seu diretor, vice-presidente e presidente, justamente nos momentos de crescimento desta formidável e exemplar empresa brasileira. E o carisma, o dinamismo e a competência fizeram com que tivesse boa parte da carreira no Rio, no comando da Eletrobras, como diretor de Furnas e na obra de Itaipu, a cujo conselho pertenceu.
Ganha relevo essa posição de ‘número um’ da eletricidade, pois o setor sempre foi ocupado por notáveis gestores. Passaram pela Eletrobrás personalidades como Costa Cavalcanti, Antonio Imbassahy, José Antonio Muniz Lopes, Aloisio Vasconcelos – mineiro e com passagem na Cemig –, Firmino Sampaio e José Luiz Alquéres, este seu discípulo integral, a quem dedicou grande estima.
Pela habilidade natural nos filhos das montanhas mineiras, deve-se a ele o redesenho do setor elétrico após a encampação das empresas norte-americanas, com a distribuição passando aos estados e a geração com a Eletrobras, onde, além de Furnas e Hidroelétrica do São Francisco, ele criou a Eletrosul e a Eletronorte.
A Memória da Eletricidade, outra criação sua, distribui anualmente o Prêmio Mario Bhering a destaques do setor. Oportuno e nada mais natural ser lembrado, em momento que a área atravessa situação delicada, com a perda de rentabilidade, em parte, por culpa de gestores que não sabem ser uma concessão de serviço público merecedora de um trato mais pragmático e político. O distanciamento tem custado caro aos
investidores de um setor que sempre foi lucrativo.
investidores de um setor que sempre foi lucrativo.
Com meio século na área, acredito que Mario Bhering, no setor público, e Antônio Gallotti, no privado, foram os grandes a quem devemos, como brasileiros, admiração e a lembrança permanente.
Aristóteles Drummond é jornalista
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