Ivanir dos Santos e Kleber LucasDivulgação
Publicado 30/12/2022 06:00
Um novo se aproxima e mais uma vez buscamos fazer as nossas reflexões sobre os caminhos e decisões que escolhemos e percorremos até aqui. Uma reflexão necessária para que possamos vislumbrar os próximos passos da nossa caminhada. Obviamente, que o ano de 2022 está terminando com um saldo muito intenso e ainda perturbador diante de todos os abismos sociais e econômicos que ainda estão abertos e/ou escancarados em decorrência da pandemia global da covid-19.

Mas, a esperança que nos move frente aos nossos anseios por uma sociedade mais tolerante, antirracista e plural é maior do que os nossos desafios. Destarte, como religiosos que somos, nossos desejos, nessa brevíssima reflexão, é pontuar sobre a importância do fortalecimento, da comunhão do respeito e da tolerância principalmente diante de um cenário global que ainda se mostra ameaçador.

Se formos fazer uma análise do ponto de vista histórico e social dentro do campo religioso brasileiro, podemos perceber o quanto a cultura cristã ainda permeia os entrelaçamentos e o forjamentos das nossas relações sociais cotidianas. Relações essas que foram atravessadas pelos “encontros” com as tradições culturais e espirituais dos povos originários e dos grupos étnicos africanos que aportaram no Brasil na condição de escravizados.

Assim, o forjamento das religiões brasileiras, desde as festas às celebrações instituídas como feriados nacionais, ganharam contornos singulares em solo brasileiro. Celebrações essas que paulatinamente foram engendradas nas bases das construções da nossa sociedade e hoje fazem parte das agendas comemorativas de boa parte das festividades da população brasileira.

Desta forma, destacamos as celebrações natalinas que apesar de não fazerem parte oficialmente das experiências históricas e religiosas de grupos não cristãos, fazem parte das construções pessoais dos indivíduos. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, começamos ainda no princípio do mês de novembro, a receber uma série de informações sobre as celebrações que estão por vir no mês de dezembro.

E por mais que de alguma forma pertença, tais celebrações possam passar despercebidos ou que busquemos fortalecer um certo padrão de celebração, as pessoas que compõem os nossos círculos e ciclos sociais podem não ter as mesmas convicções ou os mesmos anseios.

Ora, basta observar como a comemoração e a rememoração das datas festivas de final de ano são incentivadas dentro dos espaços escolares, nos espaços públicos e privados das nossas cidades! Estamos no mundo, integramos essa sociedade global compostas por esses múltiplos e variados entrelaçamento social, cultural e religioso.

Por isso, para o ano de 2023, conclamamos a todos a fortalecer as nossas lutas pela diversidade, pelo respeito e pela comunhão. Pois acreditamos que são as nossas diferenças que nos unem e nos fortalecem para a construção de um debate mais amplo em prol da tolerância.
Babalawô Ivanir dos Santos é professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada pela UFRJ (PPGHC/UFRJ)
Kleber Lucas é pastor e doutorando em História Comparada - PPGHC/UFRJ
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