Publicado 05/01/2023 06:00 | Atualizado 05/01/2023 14:22
A imagem de Aline Souza, de 33 anos, entregando a faixa ao presidente Lula é carregada de simbolismos. Aline é catadora desde os 14 anos, mãe de sete filhos, mulher negra, militante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. Uma cena que me emocionou e me faz ter a certeza de que as lutas de nós, mulheres, não têm sido em vão.
Nos discursos no dia da posse, em 1º de janeiro, o novo presidente também se comprometeu a buscar a igualdade salarial entre homens e mulheres, além de outras mensagens potentes: "É inadmissível que as mulheres recebam menos que os homens, realizando a mesma função. Que não sejam reconhecidas em um mundo político machista. Que sejam assediadas impunemente nas ruas e no trabalho. Que sejam vítimas da violência dentro e fora de casa. Estamos refundando também o Ministério das Mulheres para demolir este castelo secular de desigualdade e preconceito".
Lula também indicou 11 mulheres para a Esplanada dos Ministérios. Juntas, as novas ministras representam quase 30% do total de 37 pastas. Poderia ser um percentual maior, já que ainda estamos longe da paridade, mas é um avanço inédito e histórico. Faço questão de mencionar seus nomes: Simone Tebet (Planejamento); Esther Dweck (Gestão); Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação); Margareth Menezes (Cultura); Nísia Trindade (Saúde); Ana Moser (Esporte); Marina Silva (Meio Ambiente); Daniela Carneira (Turismo); Cida Gonçalves (Mulheres); Anielle Franco (Igualdade Racial); e Sônia Guajajara (Povos Originários).
Na esfera dos estados, as notícias não são tão animadoras: temos apenas duas governadoras eleitas: Raquel Lyra (PSDB) em Pernambuco e Fátima Bezerra (PT) no Rio Grande do Norte. Há, no entanto, bons sinais vindos da minha terra natal, o Espírito Santo; e do Rio de Janeiro, estado em que vivi por mais de 20 anos. Os governadores Renato Casagrande (ES) e Claudio Castro (RJ) criaram a Secretaria da Mulher.
No Rio, quem assume a missão é Heloísa Aguiar, que já deixou claro que sua gestão será construída a partir de três frentes de atuação, sendo a primeira o combate à violência contra a mulher. A segunda será voltada à projeção de autonomia econômica da mulher por meio do estímulo à capacitação profissional e fomento dos negócios próprios da mulher. E a terceira terá como foco a atenção integral com a promoção de ações afirmativas em diálogo com as áreas de educação, saúde, assistência social e Justiça.
A secretária da Mulher do Espírito Santo é a vice-governadora, Jacqueline Moraes, que já desenvolve um trabalho voltado para o tema no atual governo. Jacqueline, que já foi vereadora em Cariacica e começou a vida trabalhando como camelô, também participou de movimentos comunitários e de base, militando no segmento de mulheres socialistas e nas áreas política e comunitária, principalmente na periferia.
Vejo com muito otimismo o fortalecimento das mulheres em diferentes áreas. Que essas ministras, governadoras, secretárias e tantas outras que ocupam cargos públicos tenham gestões humanizadas. É disso que precisamos.
Isa Colli é jornalista e escritora
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