Gilberto Braga - Opinião - O Dia Reprodução de internet
Publicado 13/01/2023 06:00
Os recentes ataques à democracia na Praça dos Três Poderes, em Brasília, afetam a vida do brasileiro. Eles têm interferência no ambiente econômico, dando sinais definitivos das dificuldades desse início do novo mandato do presidente Lula, que busca acomodar os gastos sociais, promessas de campanha e orçamento apertado.

A questão não é apenas no campo da Economia, mas da governabilidade como um todo, como várias peças que juntas, formam uma engrenagem pesada para funcionar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, emplacou um discurso articulado, que soou como música nos ouvidos dos investidores e das empresas, defendendo a responsabilidade fiscal e a definição de uma nova âncora. Haddad, no entanto, declarou que a desoneração fiscal dos preços dos combustíveis não seria renovada e saiu derrotado pela ala política do governo, que manteve os incentivos em seu primeiro teste de poder político.

Esse episódio mostra o quão difícil será conciliar objetivos políticos e sociais, com uma condução cartesiana da política econômica brasileira. Nesse cabo de guerra, ainda é preciso lembrar que o país saiu dividido das urnas, sendo necessário governar para todos, unindo as diferentes forças políticas e desarmando espíritos golpistas e revanchistas de todas as tendências.

Soa como repetição, mas não se pode esquecer que a conciliação e o equilíbrio são necessários ao ambiente democrático, para que a vida do cidadão comum possa seguir seu rumo e melhorar, e, para que as atividades econômicas possam se desenvolver com tranquilidade e segurança jurídica.

Os investidores estrangeiros, indispensáveis para alavancar novos negócios no país, olham com desconfiança para o significado dos ataques aos palácios de Brasília. Por isso, para a Economia, foi importante a pronta reação do governo e do Judiciário, tomando medidas efetivas e duras, buscando o restabelecimento da ordem e a identificação e indiciamento dos participantes dos ataques.

O comportamento dos mercados, com pouca influência na cotação das ações das empresas na bolsa de valores e do dólar, sugere que os analistas enxergaram que o pior já passou, que será improvável outra manifestação desse quilate e que, com sequelas, o Brasil e a democracia sairão fortalecidos.

Nesse cenário, o ano de 2023 começou para valer antes do Carnaval, sendo que os economistas, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, projetam uma inflação de 5,36% no acumulado do IPCA em dezembro; taxa de juros básica, a Selic, mantida no primeiro semestre em 13,75% ao ano, mas fechando dezembro em 12,75%; PIB de 0,78% e cotação do dólar em 31 de dezembro em R$ 5,28.

Gilberto Braga é economista do Ibmec
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