Publicado 18/01/2023 06:00 | Atualizado 18/01/2023 09:19
As cenas de terrorismo que aconteceram dia 8 de janeiro não saem do meu pensamento. Como escritora, é impossível não associar o ocorrido ao enredo de uma história. Se fosse contada em um livro, daria ao leitor a sensação de uma fábula macabra. Infelizmente, o roteiro não é de ficção. É a verdade nua e crua, que dói na alma de todo brasileiro que respeita a democracia e que tem um sentimento de pertencimento em relação ao patrimônio público e à cultura nacional.
Os atos de vandalismo protagonizados por bolsonaristas, que deixaram um rastro de destruição no Congresso, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF), certamente irão parar nas páginas dos livros, mas para ilustrar capítulos de um acontecimento melancólico, sombrio e vergonhoso da nossa história.
Os atos de vandalismo protagonizados por bolsonaristas, que deixaram um rastro de destruição no Congresso, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF), certamente irão parar nas páginas dos livros, mas para ilustrar capítulos de um acontecimento melancólico, sombrio e vergonhoso da nossa história.
Os vândalos foram implacáveis. Além de depredar salas e mobiliários, destruíram obras de arte. Em levantamento preliminar, o governo federal estima que o prejuízo passe de R$ 10 milhões. O dano simbólico, no entanto, é inestimável. Segundo a ministra da Cultura, Margareth Menezes, ainda não é possível saber o que poderá ser restaurado.
É preciso reforçar o estrago: um relógio fabricado pela família que atendia a corte de Luís XIV; a tela "As Mulatas", de Di Cavalcanti; o vitral "Araguaia", de Marianne Peretti; a escultura "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti; a escultura 'O flautista', de Bruno Jorge; bustos de personalidades históricas no hall do STF; só para citar os principais danos.
As autoridades dos Três Poderes da República se uniram em prol da reconstrução e, principalmente, para impedir qualquer ameaça ao Estado Democrático de Direito. Instituições estrangeiras como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), chocadas com as cenas de barbárie que obviamente ganharam o mundo, também ofereceram ajuda para recuperar o que foi dilapidado. Essa força-tarefa será mais do que necessária e demandará ações imediatas.
Penso, ainda, que o lamentável episódio do dia 8 de janeiro de 2023 terá de chegar às escolas e ser incluído no conteúdo disciplinar das aulas de história, artes, geografia… pois é na infância que se deve aprender que depredação e vandalismo atingem a todos e ferem o direito coletivo.
Nossas crianças precisam saber, desde cedo, que não se pode pichar parede ou estragar mesas e cadeiras no colégio, assim como não se pode danificar o patrimônio público. É fundamental ensinar o verdadeiro significado da palavra cidadania. Cidadão consciente não destrói o que é do povo.
Isa Colli é jornalista e escritora
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