Publicado 24/01/2023 05:00
O governo Lula não será nada fácil. Muito trabalho para reconstruir, desregulamentar, desmontar, remontar, re-regulamentar. Reconstruções são muito mais complexas e delicadas que "construir", "fazer do zero" os aparatos de governo e de Estado. Os quatro anos do governo Jair Bolsonaro são um legado perverso, que demandará enorme energia física, emocional, afetiva, psicossocial e, sobretudo, política, por parte de Lula e seus auxiliares.
De outro lado, existe capilarizado em 40% da população um sentimento 'a priori' de rejeição a Lula e seu governo. Não dá para não levar esse cenário em conta. De alguma forma Lula terá que se comunicar com esta multidão que se caracteriza pela impermeabilidade a Lula, ao trabalho e às ações do governo Lula. Lula não precisa falar para os 40% que o apoiam, que estão ao seu lado para o que der e vier, trabalhando na reconstrução nacional.
O governo Lula tem que falar, com foco e entusiasmo, para os 20% da população, que não votaram em Bolsonaro, ou até votaram em Jair Bolsonaro, que farão o desequilíbrio para o lado de Lula ou contra ele.
São pragmáticos, querem funcionalidades do governo. Lula não terá um governo necessariamente equilibrado, terá dificuldades, teremos ondulações, nuances, divergências.
São pragmáticos, querem funcionalidades do governo. Lula não terá um governo necessariamente equilibrado, terá dificuldades, teremos ondulações, nuances, divergências.
O que não podemos ter é um governo que reproduza as inefáveis práticas históricas de "conciliação e esquecimento", acobertadoras de crimes seculares, de mazelas, intolerâncias e discriminações
A questão central do governo Lula nos próximos dois anos é a "Questão Militar", que sustenta o imaginário delirante dos 40% da população Anti-Lula, apoiadores incondicionais de Jair Bolsonaro ou de um nome que o substitua.
A questão central do governo Lula nos próximos dois anos é a "Questão Militar", que sustenta o imaginário delirante dos 40% da população Anti-Lula, apoiadores incondicionais de Jair Bolsonaro ou de um nome que o substitua.
Como bem alerta o professor Eurico de Lima Figueiredo: tem-se que trabalhar com a noção e conceito de "Poder da Cidadania" e não com os conceitos de "Poder Militar" e "Poder Civil", a soberania é do Cidadão, da Cidadã.
Classifico o governo Lula 3 como um governo de dificuldades, de trabalho multiplicado, que tem que ser obrigatoriamente criativo, para lulistas, governistas e opositores.
Paulo Baía é sociólogo, cientista político e professor da UFRJ
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