Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Publicado 01/05/2023 00:00
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As personalidades que atuam na vida nacional, na política, no jornalismo, na vida acadêmica e empresarial e as famílias precisam urgentemente combater um mal que está envenenando a sociedade brasileira, brigando com a formação cordial, alegre e solidária que marcam nossa gente. O Brasil não viveu guerras internas, nunca foi palco de divisões marcadas pelo ódio, ressentimentos e grosserias. É artificial esta onda de dar a entender que há preconceitos em nossa população. Sempre fomos de todas as raças, crenças e acolhimento. Nossos políticos, de todas as tendências, sempre foram homens marcados pela conciliação.
Nos anos da era Vargas, embora com regime autoritário, nunca se perseguiu, ficando a face dura reservada aos embates que envolviam atos violentos. Os comunistas se queixam do Estado Novo, da repressão na época, mas não lembram de 35, quando oficiais foram assassinados – segundo a história, alguns dormindo, na noite de prontidão nos quartéis.
O regime militar teve os anos de chumbo em função da luta armada, que sequestrou diplomatas, assaltavam bancos, enfrentavam os agentes da ordem e  promoviam execuções covardes de companheiros, como a estrangeiros em visita ao país, empresários como Henning Boilesen e policiais. Os presidentes Castelo, Costa e Silva, Médici e Figueiredo eram homens que respeitavam a liturgia do cargo, austeros e
desprovidos de vaidades. Verdadeiros servidores da pátria, que aprenderam a respeitar e amar nas escolas militares.
Nunca se faltou com o respeito aos políticos ligados ao governo deposto ou de oposição no Congresso. E estes também respeitaram os presidentes, em oposição franca e altiva, como foram os casos de Tancredo Neves, Paulo Brossard, Itamar Franco, José Aparecido de Oliveira. Figueiredo, que promoveu a anistia, teve relacionamento amistoso – e até afetuoso – com o símbolo da oposição ao regime, que foi Leonel
Brizola.
Agora, vivemos este ambiente deplorável de ódios, grosserias, insultos. Bolsonaro errou muito no trato com as pessoas, mas não é um “genocida”, muito menos um “corrupto”, apesar de equívocos e fraquezas lamentáveis. Lula teve três eleições para presidente e elegeu seu poste para dois mandatos. Merece respeito, apesar de comprometido em tantas questões duvidosas, a começar pelo revanchismo que domina
sua alma. No comportamento e palavreado desaconselhável para o cargo de presidente da República, ambos se assemelham.

Os brasileiros devem combater este clima de confronto pelo bem do país e do povo que sofre com as dificuldades no emprego, na saúde e na busca de oportunidades de uma vida melhor. Não será pela prorrogação da disputa eleitoral que Lula e seus seguidores vivem, ruminando mágoas a todo momento, muito menos pelo negacionismo e intolerância do cada vez menor grupo mais ligado ao ex-presidente. A campanha terminou dia 30 de outubro.

O momento deve permitir que se abrace o que de melhor existe nos campos ideológicos, que se digladiam em política de terra arrasada. Precisamos de paz, de ordem, de crescimento econômico, e não podemos brigar com a conjuntura mundial em que não somos os únicos a buscar melhoria. Não se combate radicalismo, violência e discriminação com ódio, mas com amor, fraternidade e inteligência.
O Brasil pede um basta aos elitistas, protegidos das dificuldades que afetam a maioria da população. Percebe-se que, neste caminhar, em muito pouco tempo teremos um vazio de lideranças, pois não se pode estar satisfeito com um nem com outro.
*Aristóteles Drummond é jornalista
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