Publicado 26/05/2023 06:00
Um dos grandes filósofos da história, Zenão de Eleia se notabilizou por uma rica elaboração de paradoxos. Um dos mais famosos descrevia uma disputa entre Aquiles, grande corredor, e uma tartaruga. O herói mitológico grego, generoso, concede que a tartaruga inicie a corrida alguns metros à frente. Mas segundo o argumento de Zenão, Aquiles jamais conseguiria alcançar a concorrente. A distância poderia diminuir, mas não ser superada. Porque a tartaruga, depois de sair na frente, continuaria sempre avançando e estaria adiante.
O argumento é irretocavelmente lógico, e claro que leva a uma falsa conclusão, a da vitória da tartaruga. Mas como foi escrito 400 anos antes de Cristo e até hoje encanta, cabe fazer uma analogia para concluir que, se vivesse nos dias de hoje, Zenão de Eleia usaria o Brasil como Aquiles.
O argumento é irretocavelmente lógico, e claro que leva a uma falsa conclusão, a da vitória da tartaruga. Mas como foi escrito 400 anos antes de Cristo e até hoje encanta, cabe fazer uma analogia para concluir que, se vivesse nos dias de hoje, Zenão de Eleia usaria o Brasil como Aquiles.
Nosso país possui amplas extensões de terras cultiváveis, água à vontade, minérios, petróleo, gás. Pela lógica, em uma corrida venceríamos tranquilamente nações de recursos bem modestos, as tartarugas. Mas seguindo o paradoxo de Zenão, e desta vez com uma conclusão real, tartarugas vencem o Brasil – e de longe, como é o caso da Coreia do Sul.
A Agenda Firjan para um Brasil 4.0 é uma contribuição para que nosso país ultrapasse as tartarugas. Visando o fortalecimento da indústria e com a retomada do crescimento econômico no Rio de Janeiro e no Brasil, reúne 62 propostas de abrangência nacional e 41 propostas de âmbito estadual, organizadas em quatro pilares: Ambiente de Negócios, Infraestrutura, Capital Humano e Eficiência do Estado.
O foco é o aumento da produtividade de nossa indústria, imprescindível para a retomada da Economia nos próximos anos. A produtividade brasileira está estagnada há 40 anos. Nesse período o crescimento aconteceu graças ao boom das commodities e à abundante mão de obra, fontes que estão secando.
O Futuro do Trabalho é destacado em nossas propostas, no pilar Capital Humano da Agenda Federal. Precisamos, por exemplo, avançar na Reforma Trabalhista, de forma a adequar a legislação aos novos parâmetros tecnológicos, econômicos e sociais.
O foco é o aumento da produtividade de nossa indústria, imprescindível para a retomada da Economia nos próximos anos. A produtividade brasileira está estagnada há 40 anos. Nesse período o crescimento aconteceu graças ao boom das commodities e à abundante mão de obra, fontes que estão secando.
O Futuro do Trabalho é destacado em nossas propostas, no pilar Capital Humano da Agenda Federal. Precisamos, por exemplo, avançar na Reforma Trabalhista, de forma a adequar a legislação aos novos parâmetros tecnológicos, econômicos e sociais.
Segundo o documento da Firjan, o aumento de produtividade a partir das propostas pode gerar um crescimento de US$ 1 trilhão no PIB nos próximos cinco anos. Subiríamos da 12ª para a 8ª posição no ranking das maiores economias do mundo até 2027, ultrapassando países como a Coreia do Sul e até outros três, Rússia, Canadá e Itália, que não seriam tartarugas em um paradoxo atual de Zenão.
Além da gestão eficiente, as empresas precisam de governos que ofereçam um ambiente de negócios favorável, dentro dos quatro pilares da Agenda Firjan 4.0. No caso de nosso Aquiles, ou melhor, de nosso Brasil, o planejamento público necessita contemplar uma política industrial que permita aproveitar ao máximo os recursos disponíveis – não só os naturais, mas também os financeiros, tecnológicos e humanos.
Indústria forte é sinônimo de Economia sólida e próspera. E a Indústria 4.0 precisa de um Brasil 4.0, para superar tartarugas e outros Aquiles.
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
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