Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública divulgação
Publicado 04/08/2023 00:00
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O Rio de Janeiro e vários outras capitais estão a ponto de explodir por conta da violência. São cada vez mais frequentes ações de criminosos, assaltos, guerra entre facções, confrontos armados e balas perdidas que tiram a vida de policiais e pessoas inocentes, muitas delas crianças. Não é possível que o poder público não encontre caminhos para minimizar esse cenário de guerrilha urbana, principalmente tendo mais de R$ 2,47 bilhões num Fundo Nacional de Segurança Pública.
Nos últimos quatro anos, apenas 25% desses recursos repassados aos estados foram utilizados. Um montante que pode ser melhor direcionado para projetos que possibilite aos jovens, principal alvo de aliciamento do tráfico, acesso à educação, cursos profissionalizantes, projetos sociais e de inclusão. Segurança pública não se investe só no confronto, mas também na prevenção.
Somente de uma semana pra cá, uma série de incursões em três estados, Rio, São Paulo e Bahia, deixaram um total de 44 mortos, segundo as autoridades. Aqui no Rio, o confronto entre milicianos e traficantes por disputa de território, guerra entre facções criminosas e até de milicianos com bicheiros têm aterrorizado diversos bairros.
Segundo o Instituto Fogo Cruzado, em 2023 foi há uma alta de 75% nos registros de bala perdida na Região Metropolitana do Rio. Até maio foram 70 vítimas, sendo mais de 10 crianças. Em julho, o número de agentes de segurança mortos chegou a 42 e o de atingidos por disparos de armas de fogo 89, sendo 68 policiais militares.
Há uma notória urgência de uma ação conjunta das três esferas governamentais em busca de soluções e ações efetivas para frearmos a violência no país. Em cidades como o Rio, São Paulo, Bahia, entre outras capitais, há muito tempo o direito de ir e vir está comprometido.
Não tem outro caminho para reverter esse quadro, a não ser unindo forças e, com inteligência, ser promovido investimento (pois dinheiro tem) na melhor formação de crianças e jovens, encaminhando-os numa via de estudo para serem adultos qualificados, inseridos no mercado de trabalho, gerando renda e crescendo longe do submundo do crime que os atraem pela ostentação de uma vida fácil. Aliás, boa parcela desses indivíduos não chega aos 30 anos de idade.
É preciso investir nas pessoas, dando educação, saúde, moradia e formação. Ninguém nasce com instinto criminoso, porém, muitas vezes se torna violento por conta das condições precárias que crescem, passando fome, sendo discriminados e sem oportunidades. Desde aí começa a onda de violência que vivemos.

*Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública

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