Publicado 28/08/2023 00:00
A Organização das Nações Unidas define o voluntariado como um meio poderoso de envolver as pessoas no enfrentamento dos desafios do desenvolvimento, fortalecendo a confiança, a solidariedade e a reciprocidade
entre os cidadãos. No âmbito da saúde pública, no Brasil do século XXI, podemos acrescentar ao conceito da ONU que o voluntariado organizado é uma forma efetiva de redução do impacto da vulnerabilidade social no tratamento das doenças, e de promoção da humanização nos serviços de saúde. Se estendermos essa reflexão ao cenário do paciente oncológico, o papel daqueles que doam energia, tempo e recursos financeiros ou materiais em prol do semelhante ganha um destaque ainda maior.
Mais de dois milhões de novos casos de cânceres devem ser registrados no Brasil até 2025, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) com base na incidência e mortalidade pela doença. São casos inseridos numa realidade de pobreza social que bateu recorde na pandemia de Covid-19, atingindo 64,6 milhões de pessoas em 2021, de acordo com estudo publicado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Uma parcela importante desses pacientes oncológicos será atendida por instituições públicas de saúde que são referência no tratamento da doença. Boa parte dessas pessoas terá sua produtividade afetada ou, durante um tempo indeterminado, nem conseguirão mais trabalhar para se sustentar. Todos precisarão de apoio moral para enfrentar o câncer, e muitos deles também de transporte para se tratarem, produtos de higiene, comida. Para suprir essas lacunas, o voluntariado chega com força.
O INCAvoluntário, por exemplo, programa institucional do INCA que completa 20 anos em 2023, conta com mais de 200 voluntários que atuam tanto dentro das unidades hospitalares - banco de sangue, enfermarias, quimio e radioterapia - quanto em setores administrativos de recebimento, preparo e entrega de doações.
Eles são responsáveis pelo acolhimento ao paciente e ao acompanhante na chegada às unidades hospitalares do Instituto, orientando sobre os locais de tratamento e de exames e acompanhando os usuários até o local indicado, quando necessário. Eles escutam, conversam e identificam necessidade de itens básicos; ajudam pacientes internados sem acompanhantes a se alimentarem; reforçam a captação de doadores de sangue, plaquetas e medula óssea; montam bolsas de alimentos; alfabetizam pacientes e familiares adultos, ensinam artesanato e automaquiagem; fazem atividades recreativas com as
crianças e com adultos; e ainda dão aulas de relaxamento e de ioga para pacientes, familiares e para profissionais de saúde, dentro da perspectiva de cuidar de quem cuida.
Antes da pandemia, o programa alcançou a marca de mais de 600 voluntários, mas as restrições de acesso a unidades hospitalares preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aliadas ao medo da população, reduziram esse time do bem em quase 40%. A pandemia despertou a solidariedade de muitas pessoas e aumentou o número de voluntários em várias organizações do terceiro setor, mas, na saúde, experimentamos o movimento inverso.
Como recuperar esse quadro e mantê-lo em constante ascensão? A importância da educação para o voluntariado é uma das soluções mais inteligentes, ao formar cidadãos para o "com-partilhar" desde sua mais tenra idade. Muitos países desenvolvidos incluem o voluntariado no conteúdo das grades curriculares. Infelizmente, ainda não tivemos essa iniciativa por aqui - uma contradição, visto que nossa realidade demanda adultos com consciência social apurada.
O Brasil é solidário por natureza e deveríamos potencializar isso nas escolas. Não precisamos de uma tragédia pessoal ou coletiva para despertarmos. Temos tantas causas à nossa espera: pessoas, animais, meio ambiente... Quem não tem tempo, nem dinheiro, hoje ainda conta com suas redes sociais para divulgar campanhas, poder pedir doações nas festas de aniversário da família, em vez de presentes para si. Sempre podemos ajudar. E quem ajuda, ajuda a si mesmo também. O voluntariado nos faz mais humanos.
Toda a admiração e força aos voluntários de todo o país neste 28 de agosto, Dia Nacional do Voluntariado. E um reconhecimento especial para aqueles que escolheram a causa oncológica para doar, principalmente, amor.
entre os cidadãos. No âmbito da saúde pública, no Brasil do século XXI, podemos acrescentar ao conceito da ONU que o voluntariado organizado é uma forma efetiva de redução do impacto da vulnerabilidade social no tratamento das doenças, e de promoção da humanização nos serviços de saúde. Se estendermos essa reflexão ao cenário do paciente oncológico, o papel daqueles que doam energia, tempo e recursos financeiros ou materiais em prol do semelhante ganha um destaque ainda maior.
Mais de dois milhões de novos casos de cânceres devem ser registrados no Brasil até 2025, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) com base na incidência e mortalidade pela doença. São casos inseridos numa realidade de pobreza social que bateu recorde na pandemia de Covid-19, atingindo 64,6 milhões de pessoas em 2021, de acordo com estudo publicado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Uma parcela importante desses pacientes oncológicos será atendida por instituições públicas de saúde que são referência no tratamento da doença. Boa parte dessas pessoas terá sua produtividade afetada ou, durante um tempo indeterminado, nem conseguirão mais trabalhar para se sustentar. Todos precisarão de apoio moral para enfrentar o câncer, e muitos deles também de transporte para se tratarem, produtos de higiene, comida. Para suprir essas lacunas, o voluntariado chega com força.
O INCAvoluntário, por exemplo, programa institucional do INCA que completa 20 anos em 2023, conta com mais de 200 voluntários que atuam tanto dentro das unidades hospitalares - banco de sangue, enfermarias, quimio e radioterapia - quanto em setores administrativos de recebimento, preparo e entrega de doações.
Eles são responsáveis pelo acolhimento ao paciente e ao acompanhante na chegada às unidades hospitalares do Instituto, orientando sobre os locais de tratamento e de exames e acompanhando os usuários até o local indicado, quando necessário. Eles escutam, conversam e identificam necessidade de itens básicos; ajudam pacientes internados sem acompanhantes a se alimentarem; reforçam a captação de doadores de sangue, plaquetas e medula óssea; montam bolsas de alimentos; alfabetizam pacientes e familiares adultos, ensinam artesanato e automaquiagem; fazem atividades recreativas com as
crianças e com adultos; e ainda dão aulas de relaxamento e de ioga para pacientes, familiares e para profissionais de saúde, dentro da perspectiva de cuidar de quem cuida.
Antes da pandemia, o programa alcançou a marca de mais de 600 voluntários, mas as restrições de acesso a unidades hospitalares preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aliadas ao medo da população, reduziram esse time do bem em quase 40%. A pandemia despertou a solidariedade de muitas pessoas e aumentou o número de voluntários em várias organizações do terceiro setor, mas, na saúde, experimentamos o movimento inverso.
Como recuperar esse quadro e mantê-lo em constante ascensão? A importância da educação para o voluntariado é uma das soluções mais inteligentes, ao formar cidadãos para o "com-partilhar" desde sua mais tenra idade. Muitos países desenvolvidos incluem o voluntariado no conteúdo das grades curriculares. Infelizmente, ainda não tivemos essa iniciativa por aqui - uma contradição, visto que nossa realidade demanda adultos com consciência social apurada.
O Brasil é solidário por natureza e deveríamos potencializar isso nas escolas. Não precisamos de uma tragédia pessoal ou coletiva para despertarmos. Temos tantas causas à nossa espera: pessoas, animais, meio ambiente... Quem não tem tempo, nem dinheiro, hoje ainda conta com suas redes sociais para divulgar campanhas, poder pedir doações nas festas de aniversário da família, em vez de presentes para si. Sempre podemos ajudar. E quem ajuda, ajuda a si mesmo também. O voluntariado nos faz mais humanos.
Toda a admiração e força aos voluntários de todo o país neste 28 de agosto, Dia Nacional do Voluntariado. E um reconhecimento especial para aqueles que escolheram a causa oncológica para doar, principalmente, amor.
Fernanda Vieira
Gerente geral do INCAvoluntário
Gerente geral do INCAvoluntário
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