Ilan Renz. Contadora, empresária e vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do CRC RJDivulgação
Publicado 29/08/2023 00:00
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Quando nos depararmos com o caso tão falado e discutido na mídia da atriz Larissa Manuela, é inevitável que reflitamos sobre a importância da educação financeira do cidadão desde cedo, na sua formação de base. Independente das particularidades desse episódio, que não nos cabe julgar, o fato é que, se houvesse em nosso país um olhar mais direcionado para esse tema junto aos jovens, certamente formaríamos cidadãos mais conscientes na vida adulta, minimizando problemas de toda ordem.
Educar-se financeiramente significa ter a real percepção de como lidar com o dinheiro, evitar endividamentos precoces e, sobretudo, ter condições de tomadas de decisões mais assertivas. Deter entendimento de gastos e custos representa desenvolver habilidades e competências de controle e autocontrole, ou seja, não só compreender a dinâmica de movimentações financeiras, mas também se conter no campo sedutor do consumo, desenvolver a inteligência emocional e criar mecanismos para melhorar e não cair em armadilhas emocionais, de momento. Haja visto que, neste aspecto, a atração
pelos gastos é intensa em crianças e jovens, continuamente impactadas pelo capitalismo pra lá de selvagem em tempos de tecnologia, tudo ao alcance de um clique.

No caso da atriz, que iniciou sua carreira bem cedo, se tivéssemos no Brasil esse conceito educacional desenvolvido, ainda que os pais, enquanto seus responsáveis, tomassem a frente dos negócios, eles próprios teriam outra forma de lidar e compartilhar com a filha cada passo. A conscientização seria outra e, consequentemente, a relação também, o que poderia evitar (não podemos afirmar, já que outros fatores
devem ser considerados) tal desfecho quando o jovem chega à maior idade.

Ser educado financeiramente começa por ter conhecimento do que é uma conta-corrente, uma conta de investimentos e seus diferentes tipos e é ter nas mãos a maior quantidade de elementos consistentes para a gestão do dinheiro em diferentes realidades. Isso significa que independe do poder aquisitivo do cidadão, lidar com as finanças exige o mesmo conhecimento e responsabilidade.

Na minha geração, o ensinamento passado era o da poupança, o famoso "quem guarda tem". Sim, isso é plausível ainda nos dias de hoje, mas deve-se conhecer os diferentes tipos e formas de investimentos. E lidar com o dinheiro vai além disso. Num mundo com tanta tecnologia, hoje já é possível ambientar as crianças nesse universo através de jogos interativos, conforme vimos na 10ª Semana Nacional de
Educação Financeira, realizada em São Paulo. Games que funcionam no metaverso trabalham, de forma lúdica, a educação financeira e o cooperativismo com crianças e adolescentes e também a boa e velha maneira de anotar os gastos, os saldos dos eventuais investimentos, etc.

Seja qual for a forma, passamos da hora de termos na grade curricular do Ensino Fundamental e Médio mecanismos que estimulem e ensinem crianças e adolescentes a manusear o dinheiro, investindo, guardando e desenvolvendo comportamentos e hábitos saudáveis de consumo.

Os jovens precisam estar inseridos dentro desse contexto, pois eles são o futuro e serão o exemplo para as gerações vindouras.
Ilan Renz
Contadora, empresária e vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do CRC RJ
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