Colindivulgação
Publicado 04/09/2023 00:00
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A infância é uma fase crucial no desenvolvimento humano, na qual as crianças exploram o mundo ao seu redor, formam conceitos sobre si mesmas e começam a entender as complexidades das relações sociais. No entanto, a exposição dos pequenos a conteúdos inapropriados à idade tem preocupado especialistas de diversas instituições, entre elas a Childhood Brasil (organização que se dedica à proteção da infância), o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e a OMS (Organização Mundial da Saúde). Essas entidades afirmam que o contato prematuro a conteúdos sexuais pode ter impactos negativos no desenvolvimento psicológico das crianças.
Recentemente, um incidente no Rio de Janeiro chamou a atenção para essa problemática. Um vídeo surgiu, mostrando uma apresentação que aconteceu no CIEP Luiz Carlos Prestes, na Cidade de Deus, na qual um grupo de dançarinos faz uma performance para crianças, ao som da música 'Cavalo Tarado', um funk de teor altamente sexual. O prefeito Eduardo Paes, visivelmente indignado, expressou sua revolta diante da situação. Ele se manifestou publicamente, destacando que a erotização infantil é um grave problema e ressaltou a importância de se garantir um ambiente seguro e saudável para o desenvolvimento da garotada.
Esse incidente ilustra a importância da discussão sobre a erotização infantil e os desafios que a sociedade enfrenta para proteger a inocência das crianças. A exposição a conteúdos sexualizados em tenra idade pode ter impactos profundos no desenvolvimento emocional e psicológico dos pequenos, podendo levar a problemas como baixa autoestima, ansiedade e distorções na compreensão da sexualidade.
Uma questão que surge nesse contexto é a relação entre arte e erotização. A arte é uma forma de expressão valiosa e, muitas vezes, desafiadora. No entanto, é fundamental estabelecer limites quando se trata de exposição infantil a conteúdos sexualizados em nome da expressão artística. A liberdade criativa não deve ser usada como justificativa para submeter crianças a situações desconfortáveis ou inadequadas, e porque não dizer: perigosas?
A professora de Língua Portuguesa e Redação Tatiana Câmara concorda plenamente com a reação do prefeito Eduardo Paes. "Eu acho inadmissível esse tipo de conteúdo. A gente vive num mundo em que as pessoas confundem a liberdade de expressão com a inadequação. Eu sou completamente a favor do regime democrático em todos os aspectos, mas uma coisa é liberdade de expressão, outra coisa é inadequação. Eu não sei se fiquei mais chocada com a música, com a coreografia ou com aquela coisa tosca da pessoa com cabeça de cavalo. Acho um absurdo expor as crianças a esse tipo de conteúdo sexualizado. Isso realmente me assusta, ainda mais no espaço escolar, que é onde, em tese, esses estudantes deveriam estar protegidos", avalia a educadora.
Tatiana ressalta que é a favor das verbas públicas destinadas à educação, desde que sejam bem aplicadas. A professora lembra que as famílias confiam seus filhos à escola e, por isso, os gestores devem ter consciência da responsabilidade que carregam. O que eu espero é que esse episódio provoque essa tão necessária reflexão.
Isa Colli, jornalista e escritora
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