Publicado 13/11/2023 00:00
A humanização do parto é um movimento que busca valorizar a mulher como protagonista do processo de gestação, parto e pós-parto, reconhecendo seu direito à informação, escolha e a um atendimento digno e respeitoso. Quando falamos em mulheres indígenas, a necessidade de humanizar o parto vai além. Trata-se de respeitar uma cultura milenar, reconhecendo suas práticas, crenças e valores, especialmente no contexto da maternidade.
Para muitos povos indígenas, o processo de gestação e parto é carregado de significados espirituais, sociais e culturais. Os rituais, as práticas e as tradições que acompanham esse momento têm um papel crucial na vida da comunidade e na relação entre mãe, filho e a natureza.
Embora seja desejável que a maioria dos partos aconteçam nas próprias aldeias, em algumas situações há a necessidade que eles sejam realizados nas unidades hospitalares, para preservar a vida da mãe e do bebê. Porém, sem os devidos cuidados, isso pode representar um choque cultural.
O ambiente hospitalar, os procedimentos padrões e a falta de sensibilidade de muitos profissionais podem tornar a experiência traumática para as mães indígenas, com consequências graves, como depressão pós-
parto e mesmo na recusa em dar à luz em condições seguras.
Foi pensando nisso que, há pouco mais de um ano, a equipe técnica do Hospital Maternidade de Angra dos Reis (HMAR) começou a desenvolver um processo de aproximação com a aldeia Sapucai, a maior do Estado do Rio de Janeiro, onde, segundo o Censo 2022, vivem 339 indígenas, de origem Guarani, a apenas seis quilômetros de distância da BR-101 (Rodovia Rio-Santos).
A intenção da maternidade, em sua primeira visita, não era ensinar nada, mas sobretudo aprender sobre eles e em que era possível mudar em seus processos internos para melhor acolher as indígenas que precisassem ou preferissem dar à luz no hospital. E assim foi feito.
A primeira mudança foi na alimentação. Na cultura Guarani, uma série de alimentos não podem ser consumidos no chamado período de resguardo, tais como café, carne vermelha, leite, farinha, mandioca, açúcar, entre outros. Por isso, adaptamos a dieta oferecida a essas mães com uma alimentação baseada em frango novo, arroz, mingau, milho e derivados e arroz, conforme preconiza a tradição indígena.
Além disso, a parturiente Guarani também tem por costume enterrar a placenta após o nascimento do bebê. No HMAR, as mães podem sair da unidade carregando sua placenta devidamente acondicionada, possibilitando esse importante ritual.
A experiência do HMAR mostra que a capacitação de profissionais, a adaptação dos ambientes e a integração permanente com a comunidade é o caminho para a integração e respeito das diferentes culturas. A humanização do parto para mulheres indígenas é uma questão de direitos humanos e o reconhecimento da riqueza e da diversidade do nosso país.
Para muitos povos indígenas, o processo de gestação e parto é carregado de significados espirituais, sociais e culturais. Os rituais, as práticas e as tradições que acompanham esse momento têm um papel crucial na vida da comunidade e na relação entre mãe, filho e a natureza.
Embora seja desejável que a maioria dos partos aconteçam nas próprias aldeias, em algumas situações há a necessidade que eles sejam realizados nas unidades hospitalares, para preservar a vida da mãe e do bebê. Porém, sem os devidos cuidados, isso pode representar um choque cultural.
O ambiente hospitalar, os procedimentos padrões e a falta de sensibilidade de muitos profissionais podem tornar a experiência traumática para as mães indígenas, com consequências graves, como depressão pós-
parto e mesmo na recusa em dar à luz em condições seguras.
Foi pensando nisso que, há pouco mais de um ano, a equipe técnica do Hospital Maternidade de Angra dos Reis (HMAR) começou a desenvolver um processo de aproximação com a aldeia Sapucai, a maior do Estado do Rio de Janeiro, onde, segundo o Censo 2022, vivem 339 indígenas, de origem Guarani, a apenas seis quilômetros de distância da BR-101 (Rodovia Rio-Santos).
A intenção da maternidade, em sua primeira visita, não era ensinar nada, mas sobretudo aprender sobre eles e em que era possível mudar em seus processos internos para melhor acolher as indígenas que precisassem ou preferissem dar à luz no hospital. E assim foi feito.
A primeira mudança foi na alimentação. Na cultura Guarani, uma série de alimentos não podem ser consumidos no chamado período de resguardo, tais como café, carne vermelha, leite, farinha, mandioca, açúcar, entre outros. Por isso, adaptamos a dieta oferecida a essas mães com uma alimentação baseada em frango novo, arroz, mingau, milho e derivados e arroz, conforme preconiza a tradição indígena.
Além disso, a parturiente Guarani também tem por costume enterrar a placenta após o nascimento do bebê. No HMAR, as mães podem sair da unidade carregando sua placenta devidamente acondicionada, possibilitando esse importante ritual.
A experiência do HMAR mostra que a capacitação de profissionais, a adaptação dos ambientes e a integração permanente com a comunidade é o caminho para a integração e respeito das diferentes culturas. A humanização do parto para mulheres indígenas é uma questão de direitos humanos e o reconhecimento da riqueza e da diversidade do nosso país.
Patrícia Neves, diretora do Hospital Maternidade de Angra dos Reis e do Instituto Ideias
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