Publicado 06/03/2024 00:00
Os leilões de transmissão de energia no ano passado foram os maiores já realizados. Já estamos mais do que atrasados no que diz respeito ao investimento e à defesa do uso da energia nuclear em todas as áreas, principalmente na produção de alimentos e na medicina, que trará enorme benefício para todos, já que por ser uma energia barata, boa e de qualidade permanente, poderá desempenhar no futuro um papel fundamental na luta contra a descarbonização do planeta e ser de grande importância para a transição de energia limpa para o mundo; por isso temos que defender e investir na indústria nuclear no Brasil e em todas suas variações.
Mas para que isso ocorra é necessário que o urânio seja enriquecido, pois ele é o combustível fundamental para que os reatores nucleares entrem em funcionamento; e é aí que o Brasil precisa ser competitivo tanto na extração como na exportação de commodities, além de sua transformação, pois estamos entre os dez países com capacidade de enriquecer o urânio a 20% e colaborar para indústria nuclear nacional, já que possuímos a quinta maior reserva de urânio do mundo e nenhuma restrição para sua exploração.
Aguardamos com enorme expectativa a visita em março do presidente francês Emmanuel Macron ao Rio de Janeiro, pois existe a possibilidade da assinatura de um empréstimo no valor de 3 bilhões de euros que será de fundamental importância para nosso programa nuclear. Esse acordo entre França e Brasil terá o condão de colocar o programa nuclear em prioridade entre as duas nações e financiar a obra de Angra III. Além disso, o banco francês de fomento ABI pode financiar integralmente as empresas francesas já contratadas na obra, entre elas a Framatome. O banco já ofereceu 800 milhões de euros, o que pode ser concretizado imediatamente, fazendo com que todo esse programa possa se expandir muito e ser financiado com a securitização de urânio.
Como presidente da Frente Parlamentar Mista de Tecnologia e Atividades Nucleares, recebemos recentemente do engenheiro nuclear José Mauro, o livro 'Urânio no Brasil', que traz a relação de todas as reservas conhecidas, cubadas e verificadas no Brasil e de enorme importância para nosso setor nuclear. As informações contidas apontam que o país possui hoje cerca de 309 mil toneladas de urânio verificadas, representando um valor de US$ 61,8 bilhões de dólares, o que daria para financiar todo o projeto nuclear brasileiro. Importante ressaltar ainda que o plano nuclear brasileiro possui 20 pontos que podem ser considerados de enorme importância, dentre eles a criação de um programa de fomento à formação de profissionais; criação de uma política nacional de comunicação da área nuclear; a unificação da base de dados; uma política nacional de construção de reatores nucleares de pequeno porte (SMRs), além da descarbonização e transição de energia.
Para se ter uma ideia das oportunidades extraordinárias oferecidas para esse setor, para que as usinas de Angra I e Angra II fossem abastecidas, o país comprou nos últimos dez anos mais de um milhão de quilos de urânio. Em conversa com o presidente do Banco Central, mostrei que somente com as reservas de urânio que já temos conhecimento e que foram testadas, poderíamos ter um programa de securitização com base na exportação da ordem de aproximadamente de 7 bilhões de dólares em 10 anos. E o preço do urânio só faz aumentar. Quando estivemos juntos, o valor do quilo era de US$ 170, e hoje está valendo US$ 195.
Vale lembrar que a mina de Santa Quitéria, no Ceará, por exemplo, vai produzir a partir de 2026 cerca de 2,3 toneladas de urânio, o que irá gerar aproximadamente 400 milhões de dólares anuais em royalties.
Por fim, é importante registrar que o Estado do Rio de Janeiro concentra os principais órgãos da área nuclear, e que o Brasil já está no processo de criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). Precisamos trocar experiências com países que tenham mais desenvolvimento no setor. Já estamos acelerando a compra do segundo pacote de 15 trocadores de calor no valor de R$ 250 milhões; já que o primeiro pacote com 9 trocadores no valor de R$ 150 milhões já está no país.
Por fim, é importante registrar que o Estado do Rio de Janeiro concentra os principais órgãos da área nuclear, e que o Brasil já está no processo de criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). Precisamos trocar experiências com países que tenham mais desenvolvimento no setor. Já estamos acelerando a compra do segundo pacote de 15 trocadores de calor no valor de R$ 250 milhões; já que o primeiro pacote com 9 trocadores no valor de R$ 150 milhões já está no país.
A construção das usinas e dos reatores nucleares de pequeno porte irá trazer independência para o país, gerando um grande número de empregos diretos durante sua construção e beneficiando milhares de pessoas. Desde criança o mundo procura um mapa do tesouro, e o urânio é o tesouro que nosso país possui e que irá nos transformar no maior fornecedor desse mineral e de combustível nuclear do mundo.
* Júlio Lopes é deputado federal pelo PP e presidente da Frente Parlamentar de Energia Nuclear
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