Publicado 11/05/2024 00:00
Tema relevante para a economia a prender as atenções foi o acordo entre governo e segmentos do setor privado que acaba de ser anunciado, pelo qual se mantém o benefício da desoneração até 31 de dezembro, pagando alíquota entre 1 e 4,5% sobre a receita bruta, em vez dos 20% sobre a folha de salários, começando, no entanto, a perder esse benefício de forma gradual a partir de 2025, até que, em 2028, estariam sujeitos ao mesmo regime que os demais setores.
PublicidadeA insistência na busca de uma solução que atue pelo lado do aumento de arrecadação para a crise macroeconômica que atingiu o País revela aquilo que muitos sempre temeram. Ou seja, que dificilmente o governo atual tentaria sair da enrascada em que está metido desde seu início via medidas do lado do corte de gastos. Agora, o que o governo está tentando é convencer os mercados de que chegará em breve a uma solução eficaz para o problema central, ainda que ela demore um pouco a fazer efeito pleno.
O problema central é controlar o déficit público e sinalizar que a dívida pública não vai explodir, como muitos temiam ou ainda temem, o que o governo tentou resolver via algo que acabou sendo chamado de “arcabouço fiscal”, ultimamente um tanto desmoralizado quando se percebeu que o governo não tem condições de (ou não quer) controlar os gastos públicos, e, portanto, o superávit fiscal primário, voltando a insistir em soluções via aumento de receita.
Conforme tenho enfatizado repetidas vezes, o problema é que há um erro de diagnóstico do lado do governo. Dado o elevadíssimo peso do super rígido item previdência no gasto público total, notadamente no caso em pauta, isto é, o federal, que passou de 19,2 para não menos que 51,8% do total, de 1987 para 2021, a falta de um eficaz programa de ajuste do gasto desse segmento, envolvendo, ao menos como meta de médio prazo, a zeragem do passivo atuarial, algo ao redor de não menos do que R$ 1,3 trilhão no caso específico da União, sinaliza que estamos deveras encrencados.
Para acreditar que essa encrenca é realmente séria, o problema só se mostra realmente gigantesco quando se adicionam as demais esferas de governo ao raciocínio feito até agora. Com efeito, se considerarmos Estados e municípios, o peso dos gastos previdenciários é igualmente gigantesco, bastando considerar que a taxa real média de seu crescimento foi nada menos do que 12,5% a.a. no caso dos municípios e 5,9% no dos Estados, na última década. Por causa disso, o passivo atuarial total aumenta para R$ 5,3 trilhões, um escândalo! Além disso, fica certo que os investimentos rapidamente estarão zerados e o PIB não crescerá mais do que à média recente de 1% a.a.
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