Isa Colli é escritora e jornalista Divulgação
Publicado 07/06/2024 00:00 | Atualizado 07/06/2024 15:28
Estamos no mês do Meio Ambiente, marcado por ações no mundo inteiro que têm como objetivo garantir a preservação do planeta. O momento é propício para trazer ao debate temas que podem impactar no dia a dia. Um exemplo é a evolução tecnológica, que tem desempenhado um papel cada vez mais central em nossas vidas. Da inteligência artificial à biotecnologia, a inovação está transformando radicalmente a maneira como interagimos com o mundo ao nosso redor. No entanto, esse progresso não vem sem seu próprio conjunto de desafios e consequências, especialmente quando se trata do impacto na sociedade e, claro, no meio ambiente.
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Com a disseminação generalizada de dispositivos conectados à Internet, como smartphones e redes sociais, a comunicação e o compartilhamento de informações atingiram um novo patamar. Isso tem o potencial de fortalecer comunidades, facilitar a educação e promover a inclusão digital. No entanto, também levanta preocupações sobre privacidade, vício em tecnologia e polarização social, sem contar o impacto na saúde e na natureza.
Enquanto a tecnologia promete soluções para muitos dos nossos problemas, também apresenta desafios significativos para o meio ambiente. Por exemplo, a demanda por minerais raros e metais de terras raras para fabricar dispositivos eletrônicos está levando à exploração insustentável de recursos naturais. Para quem nunca ouviu falar nestes termos, compartilho a publicação do jornal El País, que define “terras raras como um grupo de 17 metais que recebem nomes estranhos, como praseodímio, e que são extraídos principalmente na China, Rússia e Austrália.”
Chamadas de metais tecnológicos, as terras raras são fundamentais para o design e a funcionalidade dos smartphones. A nitidez dos alto-falantes, os microfones e a vibração do dispositivo são possíveis graças a motores e ímãs pequenos fabricados com neodímio, disprósio e praseodímio. E térbio e disprósio são usados para produzir as cores vivas da tela do telefone, segundo a mesma reportagem do periódico espanhol. E aí vem o alerta: a extração das terras raras é uma atividade difícil e poluente, que resulta na produção de enormes quantidades de resíduos muito tóxicos.
Além disso, a rápida obsolescência de produtos eletrônicos contribui para o aumento desses resíduos, aumentando as ameaças para a saúde humana e o meio ambiente. É certo que as indústrias que trabalham com as terras raras, apelidadas de “ouro do século 21”, devem repensar as formas de exploração de tais materiais. Porém, também é urgente que nós, cidadãos, paremos de consumir de maneira desenfreada smartphones e outras tecnologias similares. No Brasil estamos evoluindo neste sentido: em 2015, pesquisas apontavam que o brasileiro trocava de celular, em média, a cada 1 ano e 1 mês; atualmente, a média de permanência com o mesmo aparelho é de 24 meses.
À medida que avançamos para um futuro cada vez mais tecnológico, é crucial que consideremos não apenas os benefícios potenciais, mas também as consequências indesejadas de nossas inovações. Para garantir um futuro sustentável e equitativo, devemos buscar um equilíbrio entre o progresso tecnológico e a responsabilidade socioambiental.
* Isa Colli é jornalista e escritora
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