Publicado 16/06/2024 00:00
As últimas eleições para o Governo do Rio de Janeiro evidenciaram a escassez de quadros minimamente competitivos do Partido dos Trabalhadores. O lançamento da desconhecida Márcia Tiburi foi o ápice da derrocada petista no estado, que, desde os tempos de Benedita da Silva, não possui candidatos capazes de brigar pelo governo estadual ou pela prefeitura da capital fluminense.
PublicidadeA tentativa de emplacar o vice de Eduardo Paes evidencia ainda mais o fracasso do PT, que, sem capital político, joga todas as suas fichas na chapa do atual prefeito do Rio, tentando prever um futuro dos sonhos, no qual Paes trocaria o Palácio da Cidade pelo Guanabara, deixando a cidade nas mãos dos petistas.
Ocorre que Paes não abre mão do controle da capital e de uma chapa ‘puro-sangue’, com o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) como vice. A ideia é garantir sua permanência ou influência no poder, caso desista de concorrer ao governo do estado ou não saia vitorioso das eleições de 2026. O raciocínio do atual prefeito é muito simples: que nome tem o PT para ir a um eventual segundo turno? Que escolha tem o PT a não ser apoiá-lo? O partido vai preferir seguir com Tarcísio Motta e o PSOL? Em seu cálculo político, Paes não acredita que Tarcísio consiga desbancar o bolsonarismo no Rio e ir a um segundo turno contra ele. Dudu aposta que o apoio do PT virá de um jeito ou de outro, como por força da gravitacional.
Dentre os poucos quadros relevantes que o PT ainda possui, um deles se apresenta como político moderado, conciliador e eleitoralmente promissor: André Ceciliano. Ele saiu da minúscula Paracambi para se tornar presidente da Alerj durante o pior momento do partido em nível nacional. Mais do que isso: enfrentou o desafio de liderar o parlamento em um dos piores momentos da história do governo estadual, numa crise financeira profunda, sem dinheiro sequer para o pagamento de servidores. André enfrentou uma eleição disputada ao Senado, com uma esquerda fragmentada, e somou um milhão de votos. Ceciliano representa a reconstrução do PT no Rio, sob um viés de equilíbrio, respeito e desenvolvimentista, justamente num momento em que o partido não tem quadros ou bandeiras no estado.
O Partido dos Trabalhadores precisa de uma candidatura própria na capital, capaz de imprimir uma cara progressista, mais distante das agendas identitárias, que arrasaram a esquerda pela Europa e fortaleceram a agenda bolsonarista no Brasil. Católico, progressista e conciliador, Ceciliano é hoje um dos poucos nomes do PT com voto e capazes de agregar capital político em uma candidatura na capital. Disputa essa necessária à sobrevivência do partido e para provar ao prefeito Eduardo Paes que o PT ainda está muito vivo no Rio.
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