Publicado 02/07/2024 00:00
Aprender a pensar sobre o que estamos sentindo, dando nome aos sentimentos e entendendo como eles agem em nós, pode ser o caminho para conseguirmos viver de maneira mais harmoniosa. Essas são algumas das lições que nos traz o filme 'Divertida Mente 2', que estreou na semana retrasada. Ao transformar emoções em personagens de desenho animado, a Disney/Pixar abriu ao grande público a possibilidade de refletir mais sobre elas, e conhecê-las melhor. O filme é educativo não só para crianças, mas também para adultos. A sequência é uma animação que foge do superficial, e lida com temas importantes como luto, despedidas e ressignificacao de lembranças.
A personagem principal, assim como nós adultos, é guiada por suas emoções – alegria, medo, raiva, nojo e tristeza desde pequena, e nesse novo filme ela começa a aprender a lidar com novas emoções, surgidas com a puberdade: inveja, ansiedade, vergonha e tédio. Além da nostalgia que se materializa em momentos específicos. Esses personagens assumem o painel de controle dentro da mente e ajudam a tomar decisões no dia a dia, conflitando sobre a melhor forma de navegar em um turbilhão de acontecimentos que vão acontecendo com o desenrolar da história.
Muitas são as lições deixadas por 'Divertida Mente 2', mas talvez uma das principais seja compreender que, em um mundo cheio de emoções, não devemos nos esquecer da importância de reconhecer e valorizar todos os nossos sentimentos, além de aceitar nossas emoções, mesmo as mais difíceis, buscando equilíbrio emocional, a compreensão dos gatilhos para a ansiedade e buscando apoio. A representação de uma crise ansiosa e o reconhecimento da 'Alegria', que percebe que em muitos momentos é preciso deixar a 'tristeza' assumir o controle, talvez tenham sido os pontos altos da narrativa. E ainda a sensação de receber um abraço, em meio a uma crise ou mesmo um ataque de pânico, deixa claro que melhora muito nossos níveis de oxitocina, substância que reduz o estresse além de contribuir para a redução e controle da ansiedade.
Emoções reprimidas não ajudam no autocontrole. E para termos senso de si e convicção de quem somos, é preciso se permitir chorar, ter medo, inveja, vergonha ou raiva. Tudo dentro de um limite saudável e sem exageros ou excessos. Isso porque nossas personalidades possuem emoções predominantes e não respeitá-las faz com que venhamos a sofrer ou nos perder de nós mesmos, uma vez que somente nós podemos acolher nossas próprias emoções. Cientes de que cada pedaço de nós constrói e define quem somos, é fundamental acolhermos nossas incompletudes. É preciso estar atento ao que nossa emoção nos sinaliza. Por exemplo, sentir raiva quando alguém invade nosso espaço, indica a necessidade de se defender. Experimentar tristeza diante de perdas é importante para elaboração do luto, e assim por diante.
Enfim, o filme 'Divertida Mente 2' representa a relação de cérebro e mente de uma forma lúdica e compreensível. Enquanto humanos, é apenas natural sentirmos todas as emoções. E todas são necessárias, até mesmo as que categorizamos como "ruins" possuem o lado positivo. Tentar proibir uma emoção pode inclusive aumentar sua intensidade e o descontrole. As emoções são uma reação imediata a um estímulo e dependem da relação com o mundo exterior para existir, ou seja, são reações a situações sentidas pelo corpo. E elas que dão origem aos sentimentos. Se sentimos e somos afetados pelas situações de uma maneira única, nossas emoções nos dizem coisas muito particulares, e é preciso estar atento a elas. Vale a reflexão do quanto estamos deixando determinadas emoções nos controlarem e, por vezes, tomarem as rédeas de nossas atitudes.
PublicidadeA personagem principal, assim como nós adultos, é guiada por suas emoções – alegria, medo, raiva, nojo e tristeza desde pequena, e nesse novo filme ela começa a aprender a lidar com novas emoções, surgidas com a puberdade: inveja, ansiedade, vergonha e tédio. Além da nostalgia que se materializa em momentos específicos. Esses personagens assumem o painel de controle dentro da mente e ajudam a tomar decisões no dia a dia, conflitando sobre a melhor forma de navegar em um turbilhão de acontecimentos que vão acontecendo com o desenrolar da história.
Muitas são as lições deixadas por 'Divertida Mente 2', mas talvez uma das principais seja compreender que, em um mundo cheio de emoções, não devemos nos esquecer da importância de reconhecer e valorizar todos os nossos sentimentos, além de aceitar nossas emoções, mesmo as mais difíceis, buscando equilíbrio emocional, a compreensão dos gatilhos para a ansiedade e buscando apoio. A representação de uma crise ansiosa e o reconhecimento da 'Alegria', que percebe que em muitos momentos é preciso deixar a 'tristeza' assumir o controle, talvez tenham sido os pontos altos da narrativa. E ainda a sensação de receber um abraço, em meio a uma crise ou mesmo um ataque de pânico, deixa claro que melhora muito nossos níveis de oxitocina, substância que reduz o estresse além de contribuir para a redução e controle da ansiedade.
Emoções reprimidas não ajudam no autocontrole. E para termos senso de si e convicção de quem somos, é preciso se permitir chorar, ter medo, inveja, vergonha ou raiva. Tudo dentro de um limite saudável e sem exageros ou excessos. Isso porque nossas personalidades possuem emoções predominantes e não respeitá-las faz com que venhamos a sofrer ou nos perder de nós mesmos, uma vez que somente nós podemos acolher nossas próprias emoções. Cientes de que cada pedaço de nós constrói e define quem somos, é fundamental acolhermos nossas incompletudes. É preciso estar atento ao que nossa emoção nos sinaliza. Por exemplo, sentir raiva quando alguém invade nosso espaço, indica a necessidade de se defender. Experimentar tristeza diante de perdas é importante para elaboração do luto, e assim por diante.
Enfim, o filme 'Divertida Mente 2' representa a relação de cérebro e mente de uma forma lúdica e compreensível. Enquanto humanos, é apenas natural sentirmos todas as emoções. E todas são necessárias, até mesmo as que categorizamos como "ruins" possuem o lado positivo. Tentar proibir uma emoção pode inclusive aumentar sua intensidade e o descontrole. As emoções são uma reação imediata a um estímulo e dependem da relação com o mundo exterior para existir, ou seja, são reações a situações sentidas pelo corpo. E elas que dão origem aos sentimentos. Se sentimos e somos afetados pelas situações de uma maneira única, nossas emoções nos dizem coisas muito particulares, e é preciso estar atento a elas. Vale a reflexão do quanto estamos deixando determinadas emoções nos controlarem e, por vezes, tomarem as rédeas de nossas atitudes.
* Andréa Ladislau é psicanalista
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