Andrea Ciolette Baes, diretora de Saúde Feminina da Organon BrasilDivulgação
Publicado 26/07/2024 00:00
Segundo o dicionário, o termo tabu refere-se a algo sagrado, especial, proibido, perigoso ou impuro. Ele é criado pela sociedade através dos padrões morais e convenções sociais impostos. No Brasil, enfrentamos obstáculos originados por tabus em diversos temas, alguns dos quais o debate é de suma importância para o avanço e bem-estar da população. Exemplo disso é o tabu sobre a sexualidade, especialmente a feminina, e o planejamento familiar, alvos claros de vieses religiosos e misóginos em nossa cultura.

É certo afirmar que avançamos em políticas públicas e conscientização sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e gravidezes não planejadas. Claro que temos muito trabalho pela frente, mas este é um tema que, se comparado com décadas anteriores, apresenta maior abrangência. Em uma rápida pesquisa, é possível encontrar estudos, programas governamentais e iniciativas privadas que visam à orientação sexual das brasileiras. Isso é motivo de orgulho e deve servir como incentivo para continuarmos alcançando mais mulheres e jovens, mostrando como o planejamento familiar pode mudar vidas.

Entretanto, nesse contexto, existe uma parcela da população que é invisibilizada: a que deseja ter filhos e, por uma série de fatores, não consegue. Ou a que sonha com a gestação, mas gostaria de adiá-la, seja por questões familiares, financeiras ou profissionais. Segundo a OMS, uma em cada seis pessoas em todo o mundo sofre de infertilidade. Dados sobre congelamento de óvulos da Anvisa demonstram uma demanda crescente para mulheres que desejam adiar a gestação. Entre 2020 e 2023, o número de óvulos congelados aumentou em quase 100% (96,5%) no país — foi de 56.710 para 111.413. Esses números revelam que essas mulheres existem e precisam ser ouvidas e acompanhadas.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos entre julho e agosto de 2023, com 600 mulheres de todas as regiões do Brasil e encomendada pela Organon, revelou que 70% das entrevistadas conhecem métodos de concepção. Entre esses métodos, 85% citaram inseminação artificial, 77% fertilização in vitro, 72% congelamento de óvulos e 41% indução da ovulação. Contudo, 32% não souberam fornecer detalhes sobre a fertilização. Entre mulheres de 18 a 24 anos, o conhecimento sobre esses tratamentos cai para 57%.

Refletindo sobre esses dados, é importante disseminar a informação de que: sim, a infertilidade frequentemente tem solução! A reprodução assistida como coito programado, inseminação intrauterina (IIU) e fertilização in vitro (FIV) oferecem esperança para aqueles que sonham em ter filhos.

Não apenas isso, podemos também afirmar que: sim, é possível adiar esse sonho! Com a preservação da fertilidade através do congelamento de óvulos, espermatozoides e/ou embriões, as mulheres e pessoas com útero têm a opção de planejar a família de forma consciente, aumentando as chances sobre o seu futuro reprodutivo. Tudo isso, claro, com o devido acompanhamento profissional e seguindo todas as orientações e critérios médicos.
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Ainda vistos como ferramentas elitizadas, esses procedimentos são considerados soluções práticas e viáveis para essas mulheres e pessoas que gestam, muitas vezes esquecidas.

Precisamos que o governo e a sociedade civil enxerguem essas pessoas e promovam debates e acesso a recursos sem tabus, com investimentos de qualidade e sem interferências preconceituosas que pouco contribuem para o bem-estar e saúde de todos.

Uma sociedade que respeita e proporciona escolhas às mulheres é uma sociedade evoluída, saudável e próspera. É importante que elas tenham acesso a informações confiáveis para que possam tomar decisões conscientes sobre o seu futuro reprodutivo. Deixo aqui minha pequena contribuição para esse importante debate.
* Andrea Ciolette Baes, diretora de Saúde Feminina da Organon Brasil
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