Publicado 30/07/2024 00:00
Como presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro é meu dever trazer à tona a preocupação crescente a respeito da banalização dos procedimentos estéticos e os riscos associados à realização de cirurgias plásticas e tratamentos cosmiátricos sem a devida qualificação profissional e em locais tecnicamente inapropriados. O Brasil é o país número 1 em cirurgias plásticas do mundo e o segundo em procedimentos estéticos não cirúrgicos.
No universo específico das cirurgias, devemos esclarecer o óbvio: a cirurgia plástica é uma cirurgia, que envolve riscos como qualquer outra. Entrar em um centro cirúrgico, ainda que para retirar uma pequena quantidade de gordura localizada, exige cuidados indeclináveis, como exames pré-operatórios, equipe médica completa, serviço de saúde licenciado, equipado e, claro, uma mentalidade de respeito absoluto à vida. Isso quer dizer que o médico deve dispor de todo o conhecimento, técnica e, se possível, tecnologia que a medicina moderna seja capaz de oferecer. Em outras palavras, temos a obrigação de estudar, nos especializar, nos atualizar e atuar dentro de nossa área de especialização.
O paciente, por outro lado, precisa fazer sua parte, que começa com a busca de referências sólidas sobre o profissional escolhido, com as devidas credenciais médicas, filiações em sociedades de classe, experiências de pacientes anteriores.
O número de seguidores nas redes sociais não é um critério de segurança para nenhuma cirurgia, incluindo a plástica. Fotos podem ser manipuladas, e vídeos editados.
Migrando para o universo dos procedimentos estéticos não cirúrgicos é importante ressaltar que existe uma distinção muito clara entre o que pode ser realizado em consultório e o que deve ser feito em hospital, com centro cirúrgico e CTI. E esse limite é a primeira linha da largada do desrespeito do submundo da estética. As pessoas perdem a vida por se submeterem a procedimentos invasivos em casas, quartos, garagens ou clínicas sem alvará de funcionamento.
Entre médicos especializados, há também uma clara separação sobre quais produtos podem ser usados no corpo humano. No submundo da estética, entretanto, vemos pacientes permanentemente deformados pelo uso de substâncias como o silicone industrial, apenas para citar um exemplo.
E existe um outro ponto que é crítico: a falta de conhecimento ou autorização de profissionais não médicos para lidar com intercorrências - seja em caso de imperícia ou até de uma reação do próprio corpo do paciente ao procedimento. Existem complicações e até doenças que, sem a formação médica, não é possível sequer calcular, que dirá tratar. As consequências? Vemos-as a todo momento nos jornais: por diversas vezes, quando os pacientes chegam aos serviços médicos para obter ajuda já pode ser tarde demais.
Como representante da classe de cirurgiões plásticos, reitero a importância de seguir padrões rigorosos de qualificação e o cultivo a uma cultura de prática segura da cirurgia plástica e da medicina cosmiátrica para garantir a saúde e o bem-estar dos pacientes, deixando muito claro que não se está discutindo aqui, em nenhum nível, a reserva de mercado, mas em todos os níveis a preservação de vidas.
PublicidadeNo universo específico das cirurgias, devemos esclarecer o óbvio: a cirurgia plástica é uma cirurgia, que envolve riscos como qualquer outra. Entrar em um centro cirúrgico, ainda que para retirar uma pequena quantidade de gordura localizada, exige cuidados indeclináveis, como exames pré-operatórios, equipe médica completa, serviço de saúde licenciado, equipado e, claro, uma mentalidade de respeito absoluto à vida. Isso quer dizer que o médico deve dispor de todo o conhecimento, técnica e, se possível, tecnologia que a medicina moderna seja capaz de oferecer. Em outras palavras, temos a obrigação de estudar, nos especializar, nos atualizar e atuar dentro de nossa área de especialização.
O paciente, por outro lado, precisa fazer sua parte, que começa com a busca de referências sólidas sobre o profissional escolhido, com as devidas credenciais médicas, filiações em sociedades de classe, experiências de pacientes anteriores.
O número de seguidores nas redes sociais não é um critério de segurança para nenhuma cirurgia, incluindo a plástica. Fotos podem ser manipuladas, e vídeos editados.
Migrando para o universo dos procedimentos estéticos não cirúrgicos é importante ressaltar que existe uma distinção muito clara entre o que pode ser realizado em consultório e o que deve ser feito em hospital, com centro cirúrgico e CTI. E esse limite é a primeira linha da largada do desrespeito do submundo da estética. As pessoas perdem a vida por se submeterem a procedimentos invasivos em casas, quartos, garagens ou clínicas sem alvará de funcionamento.
Entre médicos especializados, há também uma clara separação sobre quais produtos podem ser usados no corpo humano. No submundo da estética, entretanto, vemos pacientes permanentemente deformados pelo uso de substâncias como o silicone industrial, apenas para citar um exemplo.
E existe um outro ponto que é crítico: a falta de conhecimento ou autorização de profissionais não médicos para lidar com intercorrências - seja em caso de imperícia ou até de uma reação do próprio corpo do paciente ao procedimento. Existem complicações e até doenças que, sem a formação médica, não é possível sequer calcular, que dirá tratar. As consequências? Vemos-as a todo momento nos jornais: por diversas vezes, quando os pacientes chegam aos serviços médicos para obter ajuda já pode ser tarde demais.
Como representante da classe de cirurgiões plásticos, reitero a importância de seguir padrões rigorosos de qualificação e o cultivo a uma cultura de prática segura da cirurgia plástica e da medicina cosmiátrica para garantir a saúde e o bem-estar dos pacientes, deixando muito claro que não se está discutindo aqui, em nenhum nível, a reserva de mercado, mas em todos os níveis a preservação de vidas.
* Bruno Herkenhoff é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro (SBPC-RJ)
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