Júlio FurtadoDivulgação/ Lindsay Romariz
Publicado 29/08/2024 00:00
Nos últimos anos, a discussão sobre métodos de educar crianças tem ganhado destaque, especialmente no que se refere ao nível de rigidez ou permissividade de cada um. Tal discussão ganha um tom de esclarecimento quando muitos pais têm se arvorado a implementar uma educação positiva, método que surgiu como uma alternativa à educação violenta, opressora e silenciadora. Segundo a educação positiva, práticas como castigos, ameaças, gritos e uso de força física devem ser abandonadas. No entanto, tal linha não inclui a permissividade como característica. A educação positiva prega a filosofia do respeito que muitos pais acabam confundindo com serem permissivos. Ser respeitoso não significa renunciar à autoridade parental.

Precisamos evitar o autoritarismo, mas sem esquecer que as crianças precisam de limites, pois não têm maturidade para gerenciar suas vidas com bom senso. Na educação positiva, adultos precisam guiar as ações das crianças através de referências, de maneira respeitosa e não violenta. É possível manter um diálogo sem renunciar às regras. Na hora do dever de casa, por exemplo, podemos permitir que um pré adolescente ligue o som para ouvir música enquanto faz as tarefas da escola, mas se a criança se recusar a fazer as tarefas, é necessário manter a decisão da maneira mais carinhosa e acolhedora possível, porém, firme.

Muitas vezes, preocupados em não desagradar os filhos, alguns pais evitam embates, criando indivíduos sem resiliência. Diante da desobediência, uma coisa é gritar e bater (educação agressiva), outra é acolher seu choro, sua raiva, dar um abraço e manter a posição inicial sem voltar atrás. É necessário construir uma noção de autoridade afetuosa e serena. A criança deve enxergar os pais como um guia, entendendo que as regras são para seu bem. Essa consciência começa a se formar a partir dos 4-5 anos. Até essa idade, é importante não mudar as regras após um choro ou reclamação.
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Ofereça colo e carinho, mas mantenha a regra. A combinação de atitudes aparentemente contrárias (acolher e ser firme) ajuda a criança a entender que regras e limites são para o seu bem. É crucial que a criança se sinta acolhida e segura, mesmo sabendo que as regras não serão modificadas. A educação positiva promove o respeito e a empatia, mas sem renunciar à autoridade e às regras. É um equilíbrio delicado que, quando bem aplicado, forma indivíduos mais resilientes e preparados para os desafios da vida.
* Júlio Furtado é professor e escritor
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