Helio SeccoDivulgação
Publicado 24/09/2024 00:00
Neste ano, o estado do Rio de Janeiro registrou mais de 16 mil focos de incêndio combatidos pelo nosso bravo Corpo de Bombeiros. Desde quando foi criado o Gabinete de Gestão de Crise, no último dia 12 de setembro, foram mais de 1450 incêndios florestais contidos, muitos deles em regiões de contato com unidades de conservação. O Governo do Estado chegou a decretar o fechamento dos parques estaduais para visitação durante vários dias, visando a segurança e a concentração do efetivo em ações de combate aos focos de incêndio.
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Esse cenário ilustra não somente o que vêm acontecendo no Rio de Janeiro, mas também em muitos outros estados ao longo do território brasileiro. Vivemos tempos de seca e estiagem severa, reflexo inequívoco do fenômeno das mudanças climáticas de acordo com diversos dados e estudos científicos. Algo que devemos nos conscientizar que acontecerá novamente em anos futuros, assim como também experimentaremos momentos de chuvas torrenciais que causarão outros tipos de transtornos e possíveis perdas sociais, econômicas e ambientais.
Quando falamos de eventos climáticos extremos, não estamos falando apenas de clima, estamos lidando com vidas, com economia, e com desequilíbrio ambiental que impacta diretamente em nosso cotidiano. A seca e os incêndios atuais provocam aumento da poluição atmosférica, prejuízo na produção agropecuária, redução de biodiversidade e recursos ambientais, podendo também prejudicar abastecimento hídrico e fornecimento de energia para a população.
Diante de tamanha complexidade, lamentavelmente, ainda temos que lidar com atos criminosos de indivíduos que iniciam focos de incêndios propositalmente. Até o último dia 20, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro já havia identificado 34 pessoas como autores de incêndios criminosos. Empregar esforços das forças policiais e o rigor da lei é imprescindível para minar a sensação de impunidade e desencorajar outros potenciais atos criminosos.
Investir em prevenção e resiliência climática torna-se imperativo por parte das gestões públicas de áreas suscetíveis a situações como essas nos próximos anos. O nível de investimento financeiro é significativamente menor se for realizado continuamente de maneira preventiva, o que limita o alcance e magnitude dos impactos climáticos quando eles vierem a ocorrer. Especificamente no caso de incêndios, cabe aos gestores públicos usufruírem das ferramentas tecnológicas que já existem para o monitoramento de variáveis ambientais e meteorológicas visando mapear na escala mais precisa possível as regiões que encontram-se vulneráveis em certo momento ao espalhamento de incêndios. Para congregar ferramentas como essas, bem como profissionais interdisciplinares para interpretação dos cenários, cabe a implementação de centros regionais de monitoramento que estejam integrados a rede de instituições necessárias ao acionamento de protocolos de ações de acordo com cada situação (Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Secretarias de Governos, Universidades, entre outras). Também é fundamental implementar postos avançados de apoio logístico em regiões ambientalmente mais susceptíveis. Estas bases devem oferecer ambientes de trabalho, além de estrutura externa para materiais de campo, veículos terrestres, helicópteros e afins. Outra medida banal e frequentemente negligenciada, é a criação e manutenção de aceiros nas margens de rodovias e estradas de terra, bem como em bordas de unidades de conservação para evitar o avanço de eventuais incêndios descontrolados.
Para viabilizar estratégias preventivas como essas é preciso reconhecer a existência e gravidade do problema. Temos a obrigação de aprender com as lições deste 2024 para nos prepararmos para o que está por vir nos próximos anos.
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