Luciana Cordeiro Felipetto é mestre em Ciências da EducaçãoDivulgação
Publicado 16/10/2024 00:00
A ludicidade é fundamental para o processo de desenvolvimento e aprendizagem de crianças, e não apenas das crianças, mas de todos nós e em qualquer contexto, seja ele clínico, familiar ou escolar. Não é raro que profissionais da equipe multidisciplinar, dentre eles os psicopedagogos, que utilizam muitos jogos em suas intervenções, sejam questionados sobre o emprego de brincadeiras em suas sessões. Mas ele vai lá só para brincar? Quantas vezes vocês ouviram tal argumento de pais e familiares de pacientes em comum.

O aprendizado através de jogos de tabuleiro, contação de histórias, brincadeiras de roda e as genuínas, são essenciais para o desenvolvimento psicomotor, da linguagem e das habilidades socioemocionais. Através dessas atividades é possível avaliar as crianças e se estão com prontidão de habilidades esperadas para a faixa etária e escolaridade.

Brincar é uma poderosa forma de atingir o desenvolvimento biopsicossocial de uma criança.

Partindo dos preceitos da Neurociência e de tudo o que estamos vendo como necessário a aprendizagem, conclui-se que a ludicidade é a ponte entre o ser, saber e aprender.

O lúdico traz encantamento, curiosidade, engajamento, motivação, enfim inunda nosso cérebro de neurotransmissores tão importantes para a aquisição de novas aprendizagens e conceitos. Novas conexões neurais são formadas a partir deste brincar supervisionado e voltado para a experimentação e vivências corporais.

Não é de agora que estudiosos e teóricos como Vygotsky, Piaget, Friedrich, Froebel, Montessori, abordam esta temática em suas obras e publicações e trazem à tona esta importante discussão sobre a colaboração da ludicidade no aprendizado da infância.

A própria Base Nacional Comum Curricular ou BNCC afirma que o ato de brincar durante a infância promove a interação da criança com o seu cotidiano, proporcionando aprendizagens e potenciais para o seu desenvolvimento (BRASIL, 2018) e que quando brinca diariamente, a criança amplia e diversifica seu acesso à cultura e conhecimentos (BRASIL, 2018).

A Neurociência também atesta esta importância e vem desenvolvendo pesquisas, demonstrando a preocupação em trazer a ludicidade de volta às práticas pedagógicas, principalmente para ser fator de engajamento nesta geração digital, que não explora mais o corpo e toda sua capacidade sensorial, pois estão presos às telas. A tecnologia pode ser excelente aliada ao processo de aprendizagem, desde que tenhamos parcimônia em sua utilização. Ela não pode substituir por completo as atividades presenciais.
Publicidade
* Luciana Cordeiro Felipetto é mestre em Ciências da Educação
Leia mais