Publicado 24/12/2024 12:51 | Atualizado 24/12/2024 12:52
O professor Augusto Sampaio subiu aos céus, deixando um vazio imenso nos corações de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Hoje, choramos sua partida e celebramos a grandeza de sua obra. Conheci Augusto durante minha graduação na PUC-Rio, quando ele já comandava a “Máquina de Fazer o Bem” que sua Vice-Reitoria Comunitária se tornou. Sob sua liderança, mais de 50% dos alunos da universidade recebiam algum tipo de bolsa, cada uma ajustada à realidade de cada família. Augusto acolhia cada uma, entendia a sua necessidade e concedia o percentual de bolsa para que o sonho da graduação se tornasse realidade.
PublicidadeTive a honra de conviver com o Augusto por causa do Projeto Dom Hélder Câmara, que criei junto com Claudinha Sussekind e Diego Tostes. O projeto visava corrigir deficiências em português e matemática de crianças de escolas públicas, preparando-as para exames de instituições renomadas como o Colégio Pedro II, CAp-UERJ e Colégio Militar. Quando apresentamos a ideia, Augusto, com sua visão transformadora, abraçou o projeto e nos ajudou a tirá-lo do papel. Ele tornou o Dom Hélder um projeto da PUC-Rio, permitindo-nos selecionar alunos da universidade para atuarem como coordenadores e professores. Esses alunos, enquanto recebiam bolsas, se dedicavam a lutar por oportunidades educacionais de qualidade para crianças de famílias de baixa renda, algo que eles próprios haviam tido acesso e agora percebiam a importância.
Para os alunos da PUC-Rio, essa experiência não era apenas um trabalho voluntário, mas uma oportunidade de desenvolver os valores essenciais da universidade: a valorização da educação, a solidariedade, e o compromisso com oportunidades iguais. Isso os tornava não apenas profissionais melhores, mas pessoas mais humanas. Para as famílias das crianças atendidas, era a prova viva de que a melhor universidade privada do país estava comprometida com a educação de seus filhos, muito antes do momento de ingressarem no ensino superior. Em cada encontro com essas famílias, eu fazia questão de repetir que a PUC-Rio era uma universidade para elas e que esperava receber seus filhos no futuro. Eu dizia isso com a convicção de católico na missão da universidade e com o conhecimento do trabalho do Augusto.
Após dezoito anos de projeto, decidi entrar na política para lutar por uma educação melhor para todos. No evento de lançamento de minha candidatura, levei uma família beneficiada pelo Dom Hélder para simbolizar o impacto que queríamos ampliar. Agradeci a presença de Augusto, que surpreendentemente se levantou e foi ao palco. Foi a minha chance de, diante de tantas pessoas importantes para mim, homenageá-lo por tantos anos de convivência em que vi o bem sendo realizado. Disse a todos que estavam diante de um santo em vida, tamanha era a sua obra: ao longo de décadas, milhares de ex-alunos e suas famílias transformados pelo seu amor e humanismo.
Portanto, sou apenas uma das milhares de testemunhas do legado de Augusto. Proponho através deste texto, com profunda admiração, que juntos eternizemos sua memória, pedindo que uma escola pública seja batizada com seu nome. Que o exemplo de sua vida inspire gerações futuras a lutar por uma educação mais justa e transformadora.
*George Neder é empresário, vice-presidente da Associação Comercial do Rio e cofundador do Coalizão Rio
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