Mais de 5 mil visitantes passaram pela tenda principal da Flip 2023Divulgação/reprodução rede social
Publicado 05/12/2023 12:11
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Paraty - A edição da 21ª Flip que aconteceu do dia 22 ao dia 26 de novembro, deste ano, deixou uma imagem negativa, que só veio á tona, alguns dias após a sua exibição, quando a imprensa trouxe a público uma denúncia de que as forças de ordem, por determinação da prefeitura, impediram que grupos musicais da Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes ) continuassem suas apresentações no maior evento literário que reuniu escritores, editoras e autoridades nacional e internacional em Paraty, na costa verde.
Segundo a nota divulgada pelos organizadores, as apresentações da Flipei, foram prejudicadas, um dos grupos, que teve que deixar o palco , poucos minutos do início do show, foi KL Jay, sob a informação de que por determinação da prefeitura, através da procuradoria, os eventos deveriam ser cancelados, às 23h59. “ Esse foi o e-mail da prefeitura à Casa Azul, organizadora da Flip, enviado na quarta-feira (22). Mas nós artistas só fomos informados horas antes do início do evento. O que teria provocado tumulto e excesso por parte da ordem pública”.
"Na reta final da montagem, fomos surpreendidos pela presença ostensiva da polícia buscando encerrar o show do KL Jay, do Racionais Mc's, antes mesmo de seu início".
Uma das lideranças na cidade e que conseguiu se apresentar antes da chegada dos agentes foi o grupo de rap quilombola Realidade Negra . Segundo o seu integrante Ronaldo Santos, houve um excesso na ação. “ Não precisava ser tão hostil.
“A FLIP já foi até maior, hoje é um evento bastante consolidado, os problemas que acontecem não podem ser justificados pelo crescimento do evento. O fato é que existe um problema de infraestrutura na cidade, que vai além da FLIP, os moradores padecem o ano inteiro de problemas que o publico da FLIP sofre se o problema acontecer em ocasião da feira, como, o deste ano, a falta de luz, por exemplo”. Pontuou Ronaldo.
Enquanto se discutia a prorrogação ou não do evento visitantes e participantes tentavam entender o que estava acontecendo com o evento que já é tradicional na cidade.
"A apresentação, após árdua negociação, ficou reduzida a apenas trinta minutos, sendo que os últimos 15 minutos tivemos a presença não autorizada dos agentes dentro da nossa cabine técnica encerrando o show".
No dia 23, ainda segundo a denúncia,, os organizadores se dirigiram à prefeitura para buscar explicação sobre o ocorrido, já que nas edições anteriores, assim como em outros grandes eventos, Ano Novo e Carnaval, o funcionamento é até 2h da manhã, sem intervenção da ordem pública".
De imediato à Casa Azul foi informada que a Prefeitura estava utilizando de seu poder de polícia com base em um documento encaminhado pela própria entidade para encerrar nossas atividades no horário, em tese, solicitado por eles", explicaram.
Durante as discussões, e com avanço das negociações, uma nova solicitação de mudança no horário limite dos eventos , como a Flipei, entre outros foi enviado ao executivo através da Casa Azul. O documento estendia o horário limite até as 02h . “A intenção era de chegar a um consenso que atendesse as partes sem prejudicar ninguém e, principalmente, aos visitantes que queriam desfrutar de cada momento da Feira. De nada adiantou, no meio do evento, na quinta e na sexta-feira, 23 e 24, fomos informados que já não havia mais tempo de mudar a rotina do efetivo policial que estava na cidade. Após muita negociação com a Polícia Militar, prefeitura e a Casa Azul, conseguimos estender nosso horário para 1h50 no sábado".
De acordo com os organizadores, essa não é a primeira vez que o evento passa por esse problema. Em 2019, houve ataques as apresentações com rojões. O policiamento era bem reduzido. A falta de flexibilidade do poder público acabou prejudicando o desempenho do evento mais uma vez. Segundo eles, a FLIPEI não foi convidada oficialmente para nenhuma reunião com a Prefeitura ou com a Casa Azul sobre a temática dos horários de funcionamento ou qualquer outro ajuste necessário, que deveria ter ocorrido para evitar situações constrangedoras como essa. A expectativa para o próximo ano dos participantes e visitantes é de que esses problemas sejam resolvidos com antecedência para que o evento possa continuar crescendo e sendo um dos maiores eventos do estado.
Em nota ao O Dia, a prefeitura, através da sua assessoria informou, nessa segunda-feira (4), “ que o reforço do efetivo é procedimento padrão para garantir a segurança do público presente, e que o horário de meia noite de encerramento das atividades pela Casa Azul -responsável pela organização da festa literária - foi formalizado e a quem caberia ter informado previamente as entidades e organizações parceiras da festa. Todo planejamento e protocolo de segurança pública da Polícia Militar, que inclui mais duas horas de dispersão após o último evento, foi feito considerando esse horário de meia noite. Quando tomou conhecimento que a programação da Flipei se estenderia além da meia noite, a Secretaria Municipal de Cultura buscou uma flexibilização, conseguindo, em comum acordo com a Casa Azul e com as autoridades policiais, viabilizar a realização dos eventos por mais uma hora. A prefeitura desconhece qualquer ação da Secretaria Municipal de Segurança Pública que tenha afetado a programação de shows e não recebeu nenhuma queixa nesse sentido”.
A FLIP é um evento privado, mas que recebe recursos do governo, tanto municipal como federal, através das leis de incentivo à cultura. O balanço divulgado pelo município mostrou que foram mais de 160 convidados e 37 atividades, além da livraria com vendas de 65% a mais que no ano passado e o público mais que dobrou em todas as mesas, com 5 mil pessoas por dia. O evento ainda contou com nomes internacionais.
A prefeitura informou ainda que a edição de 2023, teve como aliado o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e vem estreitado laços com os movimentos culturais e sociais locais. Essa articulação fez a programação receber lideranças sociais locais, como Vania Guerra da Comunidade da Marambaia, Ivanildes Kerexu, da comunidade Guarani Mbya, Ronaldo Santos e Ariane Martins, do Quilombo do Campinho e Mauriceia Pimenta, caiçara da praia de São Gonçalo. Eles criaram um intercâmbio cultural entre o grupo de rap Realidade Negra (RN), do Quilombo do Campinho, com o KL Jay, fundador do Racionais MC`c. Como parte das ações, os organizadores ainda visitaram escolas locais.
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