Parte do acervo arqueológico encontrado está exposto na entrada do Palácio de CristalDivulgação/Ascom
Publicado 18/08/2021 07:27 | Atualizado 18/08/2021 07:50
Petrópolis - O trabalho de arqueologia, que já resultou em mais de dois mil objetos desenterrados do jardim do Palácio de Cristal, agora pode ser visto por quem passa pela rua Alfredo Pachá, no Centro Histórico. Parte do acervo está exposto na entrada do cartão postal, junto com um cartaz que explica como vem sendo executado o trabalho de resgate cultural e histórico, assim como dá a dimensão do valor dessas peças para a história do país.
“É um resgate importante da história da nossa cidade, que faz parte, claro, da história do país. A gente quer ver logo o palácio reaberto. Mas, esse trabalho vai dar a esse importante polo de visitação turística mais um atrativo”, destacou o prefeito interino de Petrópolis, Hingo Hammes.
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O trabalho de arqueologia, autorizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan e executado pela Engeprat, através da Grifo Arqueologia, já escavou mais de 260 metros de trincheiras no jardim do palácio, de onde já foram retiradas mais de 2 mil peças. “Mais de dois terços das trincheiras já foram analisadas. Nesse trabalho conseguimos remover do solo louças finas, ferraduras antigas e garrafas de bebidas importadas da Europa no século XIX. Há ainda o fragmento de um cachimbo de porcelana que indica que quem utilizou o objeto pertencia à uma classe favorecida Mas também há moedas dos anos 60. Houve um aterramento em período posterior à construção do palácio. Talvez mais do que um. Por isso, só a análise técnica em laboratório vai nos permitir descobrir o real valor histórico de cada peça”, avaliou o arqueólogo que acompanha o trabalho, Kedma Gomes.
“Estamos numa fase intermediária. Peneiramos boa parte da terra removida das valetas. Nós temos duas histórias aqui: a do material arqueológico do século XIX e talvez artefatos do século XVIII, além da história dos aterros que foram feitos em diversas fases da história do local. Quando terminarmos o peneiramento, ainda continuaremos com o monitoramento das atividades aqui, além das sondagens mais profundas, em busca de materiais mais antigos. Esse trabalho é lento. Estamos ainda em uma primeira abordagem, que além da identificação envolve a questão da datação. Esse material ainda ficará à disposição de pesquisadores”, detalha Giovani Scaramella, arqueólogo que é diretor da empresa que executa o serviço especializado no Palácio de Cristal.
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A previsão é de que o trabalho iniciado no fim de maio seja concluído em cinco meses. “Nesse momento, em que o Palácio ainda não está aberto, disponibilizamos parte do acervo encontrado aqui, para que possa ser visto, ainda que do lado de fora, pela população. Serve para que a população entenda o que é o trabalho de arqueologia e a importância desse trabalho para enriquecer ainda mais a história desse local tão importante para a cidade”, disse Scaramella.
Visitantes já podem ver as peças
A historiadora Rosilene Martins, que também pertence à empresa que executa o trabalho de arqueologia no Palácio de Cristal, em visita ao palácio, orientou turistas sobre o trabalho Material arqueológico encontrado no Palácio de Cristal já está exposto ao público que está sendo realizado: “Quando a gente expõe algum material ou fala sobre ele, a gente está falando sobre cultura da sociedade. E isso é importantíssimo porque resgata um passado, que não se viu e que a arqueologia possibilita visualizar materialmente através dos artefatos. Aqui exposto está um pequeno recorte desse grande trabalho que vem sendo realizado, que já é representativo do patrimônio social. Devolvendo ao povo o que está sendo achado aqui, ajudando a manter o interesse das pessoas pelo palácio nesse período de intervenções”.
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O Palácio de Cristal é responsável por contar parte da história do Brasil. Localizado na cidade planejada pelo imperador D. Pedro II, foi erguido em um local onde ficava a Praça da Confluência ou de Passeio Público, onde aconteciam exposições hortícolas e cultos religiosos públicos. A construção ocorreu no ano de 1884. Uma estrutura pré-montada foi encomendada da Sociedade Anônima Saint-Souver Lês Arras, na França pelo Conde d’EU e inspirada no Palácio de Cristal de Londres e no Palácio de Cristal do Porto. Trata-se de um presente entregue à sua esposa Princesa Isabel para que ela pudesse cultivar suas flores e hortícolas.
O trabalho de arqueologia faz parte do trabalho de obras de restauração do Palácio de Cristal, que tiveram início em 4 de outubro de 2019 e que foram paralisados no início de fevereiro de 2020 por uma determinação do IPHAN, que solicitou acompanhamento arqueológico. Ao longo de 2020, a empresa vencedora da licitação acabou desistindo dos trabalhos e a segunda colocada – Engeprat – assumiu o serviço em setembro.
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Neste ano, ao assumir o governo municipal, a gestão interina se empenhou e passou a atuar junto à empresa para garantir a retomada dos trabalhos. Em março, as equipes chegaram a iniciar serviços no terreno (sem, no entanto, mexer nos jardins), enquanto preparavam a contratação do arqueólogo e, em seguida, a elaboração do projeto arqueológico. Tudo com o apoio da Secretaria de Obras. O projeto foi enviado para aprovação do IPHAN e, com o retorno positivo do órgão de preservação.
“Nas demais intervenções necessárias no espaço e que foram possíveis executar durante o trabalho de arqueologia, fizemos a reforma dos banheiros e a instalação de um novo piso na entrada do palácio. Assim que o trabalho de arqueologia for concluído, daremos início à reforma das instalações elétricas”, pontuou o secretário de Obras Maurício Veiga.
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