Prefeito Rubens Bomtempo é alvo de extorsão, segundo denúnciaDivulgação
Publicado 09/04/2023 07:00
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Petrópolis - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), aceitou denúncia contra um grupo que estaria extorquindo, mediante associação criminosa, o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, e o atual vereador e ex-presidente da Comdep, Leonardo França Souza.
A denúncia foi apresentada na 1ª Vara Criminal da Comarca de Petrópolis e acusa três homens pelo crime de associação criminosa: o vereador Luiz Eduardo Francisco da Silva (Dudu), Guilherme Gonçalvez Vicente Moreira e o inspetor de Polícia Bruno César Salerno. Eles teriam se associado, "com o emprego de armas, para o fim específico de cometer crimes de extorsão", segundo o documento do MP.
Ainda segundo a denúncia, Dudu "detinha informações privilegiadas sobre contratos e outros negócios jurídicos envolvendo a Administração Pública, além de utilizar de sua autoridade para arregimentar agentes públicos desonestos para a concretização das práticas criminosas"
Já Guilherme, que seria o braço direito de Dudu na organização, "o acompanhava em todas as práticas criminosas, realizando a abordagem das vítimas escolhidas pelo bando, bem como utilizando o seu arsenal bélico para intimidá-las", continua a denúncia do MP.
O policial civil Bruno, chefe do setor de inteligência da 105ª DP, teria sido cooptado por Dudu "para auxiliá-lo nas extorsões promovidas pelo grupo criminoso, tanto na abordagem das vítimas, como iniciando investigações e passando informações sobre elas em curso na delegacia de Petrópolis, que seriam usadas para a formulação do enredo das ameaças e para dar maior credibilidade à atuação" dos denunciados.
O grupo primeiramente estaria extorquindo o prefeito de Petrópolis "mediante grave ameaça consistente em instaurar inquérito policial para apurar supostas fraudes na Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis (COMDEP)", a pagar ao grupo "a quantia de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), o que fez com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica".
A extorsão aconteceu depois de a Polícia Civil, no dia 12 de agosto de 2022, ter deflagrado a “Operação Clean”, visando o cumprimento de mandados de busca e apreensão relacionados a supostas fraudes atribuídas ao então Presidente da Companhia Municipal de Transporte (CPTRANS), Jamil Sabrá, e a outras pessoas a ele vinculadas.
Dudu então teria afirmado a Bomtempo que tinha informações de dentro da Polícia Civil de que outras operações do tipo estariam para ser deflagradas, tendo como o alvo o próprio prefeito e contra o então presidente da Comdep, Leonardo França Souza.
Neste ponto, entra em ação o outro acusado, Guilherme, que marcou encontro com Bomtempo e afirmava ter "um primo lotado na 105ª Delegacia de Polícia Civil, em clara referência ao denunciado BRUNO SALERNO, chefe do setor de inteligência e que, na qualidade de controlador das investigações em curso naquela delegacia, as manipulava em prol dos intentos criminosos" do grupo.
Os R$ 2 milhões exigidos a Bomtempo seriam para que "não fosse instaurado nenhum inquérito policial visando apurar ilícitos ocorridos no âmbito da Administração Pública Municipal". Ainda segundo a denúncia do MP, Bomtempo teria encerrado a conversa e dito a Guilherme que ele tinha "procurado a pessoa errada".
A segunda vítima de extorsão do grupo, após a tentativa contra o prefeito da cidade, foi o atual vereador e ex-presidente da Comdep, Leornardo França. Seguindo o mesmo ritual, Dudu, Guilherme e Bruno procuraram a vítima e teriam exigido a mesma quantia para que uma investigação da Polícia Civil não seguisse seu curso.
Só que dessa vez, além da tentativa de extorsão o grupo teria levado Leonardo até um condomínio de luxo na rua Olavo Bilac, e lá no interior de uma casa, "os três denunciados começaram a ingerir bebidas alcoólicas e manusear um verdadeiro arsenal de armas de fogo (...) Nesse eito, o denunciado GUILHERME retirou um fuzil do armário e o entregou ao denunciado LUIZ EDUARDO, vulgo “DUDU”, que, por sua vez, o apontou em direção à vítima", continua a denúncia do MP.
Ainda de acordo com o órgão, as ameaças continuaram nos dias seguintes, inclusive com abordagem violenta do carro em que Leonardo viajava, quando teria sido intimado novamente a pagar a quantia exigida pelo bando. Leonardo, e seu irmão Matheus França Souza, que é advogado, teriam então procurado o Ministério Público para denunciar a extorsão, fato esse que Dudu teria dito ao atual vereador em seu último encontro com ele, encerrando com a seguinte declaração: que Leonardo iria “pagar a conta de tudo”.
Agora, o MP - baseado também em fotos de câmeras de segurança que mostram carros do grupo em locais descritos pelas vítimas como pontos de encontro - pede que os acusados sejam processados pelo crime de associação criminosa e intima acusados e vítimas a deporem para o esclarecimento dos fatos e para "o julgamento de procedência da pretensão punitiva estatal, com a pertinente condenação dos denunciados pela prática dos crimes narrados na denúncia e aplicação das penas correspondentes".
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