Publicado 17/10/2024 09:37
Petrópolis - Cerca de 75 pessoas estiveram no 1º Simpósio Ação Pública e Inovações Sociais de Petrópolis, que ocupou a Sala Arthur Sá Earp Neto, na UNIFASE, durante todo o dia, na última sexta-feira (11). O evento, financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), marcou o encerramento do primeiro ciclo do projeto de pesquisa “Cartografia do Ecossistema de Inovações Sociais de Petrópolis” e o lançamento do Observatório de Inovação Social de Petrópolis (Obisp).
PublicidadePioneira nos estudos sobre inovações sociais no país, a professora e pesquisadora da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Maria Carolina Martinez Andion, coordenadora do Observatório de Inovação Social de Florianópolis (Obisf), foi um dos destaques da programação, que contou ainda com mesas, intervenções artísticas e dois painéis expositivos de iniciativas de inovação social da cidade que estão entre as mais de 60 já mapeadas e entrevistadas pela equipe do projeto de pesquisa e que seguirão acompanhadas pelo Obisp.
Ressaltando a contribuição dos observatórios de inovação social para o desenvolvimento local, na conferência inaugural, Carolina Andion lembrou das enchentes vividas em Petrópolis e, mais recentemente, as enchentes no Rio Grande do Sul, para falar sobre o cenário de sobreposição de múltiplas crises e propor uma reflexão sobre futuros possíveis. “Tem um autor que trabalha com a questão da ecologia humana e ecologia urbana, o Robert Park, que vai dizer justamente isso, se nós não conseguirmos reinventar a cidade, porque ali é o espaço para reinventarmos o nosso lugar, mas também para reinventar a nós mesmos, onde que vamos reinventar? A cidade já é esse laboratório. Porém, o que estamos assistindo hoje, e eu não preciso falar pra vocês, todos nós estamos vivendo, aqui em Petrópolis vocês viveram e a gente acompanhou no Brasil inteiro, [...] então eu não preciso falar, a gente vive isso, estamos vivendo isso, uma sobreposição de múltiplas crises, ambiental, crise de democracia, a questão das instituições e, no caso do Brasil, uma ampliação gigantesca das desigualdades, a partir da pandemia”. O Obisp, Observatório de Inovação Social de Petrópolis, surge a partir da parceria e do intercâmbio com o Obisf, o Observatório de Inovação Social de Florianópolis, e agora integra o projeto “Rede colaborativa para favorecer a inovação social na ciência e nas políticas públicas: articulando pesquisa, ensino e extensão" que teve início este ano, financiado pela CAPES PROEXT.
Quem esteve no simpósio na parte da manhã ainda teve a oportunidade de assistir à apresentação da Camerata da Escola Padre Quinha, do Vale do Cuiabá, formada por professores, ex-alunas e ex-alunos da escola que participam do projeto de contraturno, Integral II. Um painel expositivo fechou a primeira parte da programação com participação de Pamela Mércia, do Instituto Todos Juntos Ninguém Sozinho (TJNS); da professora Vanessa Marquesim, da Associação Amigos da Mata, em Secretário; da atriz, professora e produtora Simone Gonçalves, do Grupo Teatral Povo do Cafundó; e de Bárbara Pellegrini, do movimento Vale das Videiras em Transição. “Agradeço a oportunidade que propiciou o Simpósio Ação Pública e Inovações Sociais de Petrópolis. É alvissareiro saber de tanta gente bacana e dedicada trabalhando no mesmo território em que vivemos! Mais ainda, é promissora a possibilidade de que essas iniciativas mapeadas pelo Observatório de Inovação Social de Petrópolis sejam apoiadas e possam multiplicar os efeitos de sua dedicação”, comentou Bárbara.
Na parte da tarde, Carolina Andion ainda participou de uma mesa sobre a relação entre os observatórios de inovação social e o desenvolvimento democrático ao lado do coordenador do Laboratório de Inovação e Sustentabilidade da UDESC (Liss-UDESC), professor e pesquisador Danilo Melo; da diretora do Observatório dos Negócios de Impacto Social e Ambiental do Rio de Janeiro (Rio de Impacto), Inessa Salomão; do coordenador e pesquisador do Observatório de Inovação Social da Fronteira (Obisfron), professor Anderson Espírito Santo; e do coordenador do projeto de pesquisa que mobilizou o simpósio e do Observatório de Inovação Social de Petrópolis (Obisp), professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ), Gustavo Costa, que mediou a troca.
Em outra mesa, representantes de instituições da cidade participaram do debate sobre a importância dos atores de suporte no apoio às iniciativas de inovação social. Mediada pela coordenadora do Centro Educacional Terra Santa, Andrea Fecher, a conversa envolveu a gerente executiva do Serratec - Parque Tecnológico da Região Serrana, Thaís Ferreira; Cleveland Jones, presidente do Instituto Philippe Guédon (IPG) de Gestão Participativa, um dos principais parceiros do projeto ao entrar como proponente junto à Faperj no edital em que foi contemplado; o coordenador de projetos e extensão da UNIFASE, Ricardo Tammela; e o professor do Cefet-RJ Petrópolis, coordenador do projeto Expedições Cefet/RJ, Fernando Pessoa. “O simpósio teve papel fundamental em proporcionar uma articulação entre diferentes instituições, projetos e, principalmente, pessoas! Fundamental pensarmos em como o Cefet/RJ pode apoiar e contribuir de maneira adequada com tais iniciativas, com base na presença e estabelecimento de diálogos, ponto forte do evento”, relatou Fernando.
A programação da tarde incluiu uma intervenção artística da atriz Simone Gonçalves, do Grupo Teatral Povo do Cafundó, que participou do painel expositivo pela manhã. Simone apresentou um recorte de um dos seus espetáculos de trabalho inspirado em Stella do Patrocínio, mulher negra interceptada pela polícia nas ruas do Rio de Janeiro na década de 1940 e internada compulsoriamente em um centro psiquiátrico aos 21 anos. Simone abriu o painel expositivo da tarde, do qual participaram Viviane Marques, idealizadora do projeto Elas na Serra; Maria Claudia Moura, da Oficina Figurino Carioca; Solimar Fidelis, presidente do Instituto Beneficente Ampla Visão; e a coordenadora do Centro Educacional Terra Santa, Andrea Fecher. Assim como na parte da manhã, as quatro iniciativas estão entre as mais de 60 já entrevistadas no primeiro ciclo do projeto de pesquisa “Cartografia do Ecossistema de Inovações Sociais de Petrópolis” e que serão acompanhadas pelo Obisp.
Fechando o evento, Gustavo Costa e a pesquisadora Carla Magno, que compõe, atualmente, a equipe do projeto, apresentaram a plataforma do Observatório de Inovação Social de Petrópolis, ainda em fase de testes e ajustes. Em suas redes sociais, a presidente de honra do Instituto Philippe Guédon, Silvia Guédon, manifestou a alegria com o projeto de pesquisa e com o sucesso do simpósio. “Hoje foi um daqueles dias que senti muito orgulho do IPG. Meu pai, Philippe Guédon, certamente estaria feliz com essa iniciativa”.
Agora, através do Observatório de Inovação Social de Petrópolis, o professor e pesquisador Gustavo Costa, junto de uma equipe de pesquisadores, pretende seguir realizando visitas e oficinas para reconhecimento da rede de iniciativas de inovação social da cidade e outros atores de suporte, e para difusão do projeto, oferecendo espaços de reconhecimento e interação às iniciativas e também uma ferramenta pública, através da plataforma, para facilitar a mobilização e a organização diante das esferas de poder e, consequentemente, favorecer o surgimento de mais iniciativas do tipo, ou seja, mais ideias de soluções para os problemas públicos de Petrópolis.
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