Rio - Centenas de pessoas se reúnem em uma manifestação em defesa do Museu Nacional, na manhã desta segunda-feira, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Os militantes são, em sua maioria, estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

Inicialmente, o protesto se concentrou na entrada da Quinta da Boa Vista. Os manifestantes tentaram entrar e houve confusão no local. Por volta das 11h, spray de pimenta e bombas de efeito moral foram utilizados pelos agentes. Após uma negociação, os militantes conseguiram entrar e ficar mais próximos do Museu Nacional. Eles se reúnem, desde às 13h, em frente à estátua de Dom Pedro II. 

Segundo o Centro de Operações (COR), há reflexos no trânsito da região. Na tarde desta segunda-feira, haverá um outro protesto na Cinelândia, no Centro da cidade. Diversos movimentos sociais e entidades estudantis convocam para a manifestação chamada “Luto pelo Museu Nacional! Em defesa da universidade pública!”, a partir das 16h. 

No local do incêndio, muitos estudiosos choram e lamentam ao ver o cenário da destruição do Museu Nacional. A pesquisadora e professora de História Regina Dantas é uma delas, que trabalha como historiadora desde 1994. Ela se emocionou e mal conseguia falar sobre a tragédia.

"Nós vamos recuperar esse palácio, mas o acervo que estava aqui dentro é irrecuperável. Vocês veem lá em cima as deusas, representando o espaço das musas, que é o museu, elas estão intactas. Para dar força para a nossa população tão sofrida com a história, com as ciências, nesse momento...vocês desculpem, mas não sei o que dizer, parece um pesadelo. Eu dormi, pensando que era um pesadelo, que eu ia acordar", disse aos prantos, tentando enumerar as perdas.

O incêndio atingiu o Museu Nacional da Quinta na noite deste domingo. Bombeiros de pelo menos quatro quartéis atuaram no combate às chamas. Uma equipe especializada dos bombeiros entrou no prédio por volta das 21h15 para tentar bloquear áreas ainda não atingidas pelas chamas e avaliar a extensão dos estragos.

Imprensa internacional repercute incêndio no Museu Nacional

A imprensa internacional repercutiu o incêndio que destruiu o Museu Nacional. Le Monde, BBC, Forbes, entre outros veículos, noticiaram a tragédia que atingiu o museu neste domingo. O jornal New York Times relembrou o acervo de 20 milhões de itens. "Um museu de 200 anos foi atingido por um incêndio e ameaçou uma coleção de 20 de milhões de itens variando entre achados arqueológicos e documentos históricos". 

Sobre o Museu Nacional

Primeira instituição museológica e de pesquisa do Brasil, o Museu Nacional completou 200 anos no dia 6 de junho deste ano. Localizado no interior do parque da Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, o museu foi criado como Museu Real, em 1818, por D. João VI. Era considerada a instituição cientifica mais antiga do Brasil e uma das principais da América Latina.

O conjunto arquitetônico da Quinta da Boa Vista, o edifício do museu e a coleção Balbino de Freitas são tombados, desde 1938, como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), entidade vinculada ao Ministério da Cultura.