Força-tarefa com Corpo de Bombeiros e Defesa Civil em NiteróiMaíra Coelho / Agência O Dia
Por Lucas Cardoso e Rafael Nascimento
Publicado 11/11/2018 10:02 | Atualizado 11/11/2018 20:24

Rio - O Corpo de Bombeiros finalizou, na manhã deste domingo, o trabalho de retirada dos escombros na comunidade da Boa Esperança, em Piratininga, Niterói. Na madrugada do último sábado, um deslizamento por conta das fortes chuvas deixou 15 mortos e, ao menos, 10 feridos. Uma pedra rolou e atingiu cinco casas. A 15ª morte, do menino Arthur Caetano Carvalho, de 3 anos, foi confirmada no início da tarde. As vítimas comemoravam seu aniversário quando a tragédia aconteceu. Três pessoas, dois adultos e uma criança, seguem internados.

De acordo com a corporação, as buscas por vítimas foram encerradas, e a ação no local foi de limpeza da área. Documentos de identificação das vítimas, encontrados nos escombros, foram deixados na Associação dos Moradores. “Entendemos que já conseguimos localizar todas as vítimas desaparecidas e que foram informadas por seus parentes. Vamos continuar no local para ajudar na remoção dos escombros. Dificilmente iremos encontrar mais vítimas”, disse o secretário estadual de Defesa Civil, o coronel Roberto Robadey.

Prefeito Rodrigo Neves (PDT), Renato Newton Ramlow, Secretário Nacional de Defesa Civil, e Roberto Robadey, Comandante do Corpo de Bombeiros, visitam a escola Municipal Francisco Portugal NevesMaíra Coelho / Agência O Dia

Equipes da prefeitura estão monitorando a área para identificação de risco de novos desabamentos. Um drone está sendo usado para auxiliar na avaliação. A área está interditada e que as famílias ainda não foram autorizadas a entrar nas residências para pegar seus pertences.

As vítimas foram enterradas neste domingo no Cemitério do Maruí, no bairro Barreto. Dos 15 mortos, sete são da mesma família: Maria do Carmo Ferreira, 80 anos; Janete Martins Ferreira, 57 anos (filha)), Claudiomar Dias Martins, 37 anos (cunhado); Maria Aparecida Martins Viana, 19 anos (neta), Beatriz Martins Pereira, 18 anos, (neta), Géssica Martins Firmino, 15 anos (neta) e Marcos Anthony Martins de Aguiar, 9 anos (neto). As outras vítimas são Maria Madalena Resende, 56 anos, Kaike da Silva Resende, 1 ano e meio, Amanda Tomás da Silva, 27 anos; Alan Ferreira Teles, 29 anos; Dalvina Marins, 66 anos; Marta Pereira Romero, 61 anos; Nicole Caetano de Carvalho, 10 meses; Arthur Caetano de Carvalho, 3 anos. 

Kaike Resende, Maria Madalena Resende, Alan Ferreira e Amanda Tomás foram os primeiros a ser enterrrados. Os corpos da mesma família foram sepultados até o fim da tarde. Cerca de 200 pessoas acompanharam o cortejo. A Prefeitura montou uma estrutura de emergência no local, incluindo uma ambulância, para atender aos familiares das vítimas no local. A mãe de Kaike passou mal e precisou ser socorrida. 

Enterro das vítimas em NiteróiDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

"Eles estavam cientes de tudo, porque não fizeram nada antes? Quantas vidas foram perdidas nessa porcaria? É porque não é a família deles, não está doendo neles. Muitas famílias foram destruídas. Minha irmã perdeu tudo. Faz mais de 24h que não durmo. Estou à base de remédios. Me diz, como vou enterrar meus dois netinhos? Como vou contar para minha irmã, a vó deles, que, além da Nicole, o Arthur também morreu? Como minha sobrinha vai ficar?", desabafou Lucilene Reis da Cruz, tia-avó de Arthur e Nicole, às lágrimas.

Segundo moradores, as doações feitas pelo município como comida e água estão chegando aos desabrigados. "Minha casa está entre as que serão interditadas, provavelmente. Mas estamos recebendo assistência, por enquanto", disse uma moradora que não quis se identificar.

Taís Ferreira Rodrigues, irmã de Alan, falou à imprensa. "Estou revoltada com a situação. Esperaram acontecer primeiro e agora querem ajudar? Não adianta, não vai trazer de volta. Nenhuma casa foi interditada, não nos falaram nada. Eles iam dormir no segundo andar, mas acabaram desistindo. Foi onde tudo aconteceu, porque a parte de baixo foi a mais atingida".  

Defensoria presta assistência

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro prestará atendimento, nesta segunda-feira, aos moradores do Morro da Boa Esperança.  O atendimento será realizado das 9h às 17h, em um terreno na entrada do local da tragédia, na Rua Dr. Carlos Chagas, nº 1047, em frente à Cultura Inglesa.

Rio,10/11/2018 - Desmoronamento no Morro da Boa Esperança deixa mortos e feridos.Segundo o Corpo de Bombeiros, a corporação foi acionada por volta de 5h deste sábado. Piratininga, Niterói. Na Foto: Corpos são resgatados e parentes se desesperam.. Foto de Maíra Coelho / Agência O Dia. Cidade, Desastre, Morte, Feridos, Acidente, Chuva, Morro, Defesa Civil, ResgateMaíra Coelho

Na ocasião, será possível requerer a emissão de documentos pessoais, como a segunda via da identidade e a certidão de nascimento. Também será oferecida orientação jurídica.

Os defensores públicos Francisco Messias e Anik Quintanilha estiveram neste domingo no local do acidente, onde conversaram com os moradores e o vice-prefeito de Niterói, Axel Grael. Já foram iniciadas as conversas para o pagamento de aluguel social ou realocação das famílias que não têm para onde ir.

A Defensoria se fez presente nesta tragédia para prestar o atendimento necessário, amenizando assim um pouco o sofrimento das famílias vitimadas, afirmaram os Defensores Anik Quintanilha e Francisco Messias.

Além do atendimento presencial, a DPRJ também está à disposição da população por meio do telefone 129 e do atendimento online disponível no site da Defensoria.

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