Rio - Um major da Polícia Militar foi morto a tiros, na manhã desta terça-feira, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Alan de Luna Freire, de 40 anos, do serviço reservado (P2) do 17º BPM (Ilha do Governador), foi assassinado quando trafegava pela Avenida Pensilvânia, no bairro Jardim Esplanada. O crime ocorreu por volta das 8h30. Recentemente, segundo colegas de farda, ele prendeu comparsas de Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, chefe do pó em morros da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Número de policiais mortos no estado chega a 87.
Imagens compartilhadas em redes sociais mostram o carro da vítima com diversas marcas de disparos. Os tiros foram concentrados na porta do motorista, abaixo do vidro. Pelo menos 15 cápsulas de fuzil ficaram espalhadas ao lado do automóvel do policial. Um Palio, que estava estacionado em uma casa na rua onde o crime aconteceu, também foi atingido pelos disparos. Por pouco, uma pessoa não foi vítima de bala perdida.
De acordo com o delegado Leandro Costa, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), o carro não era blindado, como especulou-se logo após a execução, e todos os os tiros foram de fuzil calibre 762.
"Estamos buscando câmeras de segurança e fazendo diligências em busca de informações", disse o delegado, que completou: “Eles vieram para executá-lo. Agora, queremos saber quem mandou matá-lo. Ele foi atingido no braço e na lateral esquerda do corpo”, afirmou o policial.
Após o crime, vários parentes do major se encaminharam para o local do crime. A esposa do policial precisou receber atendimento médico ao saber da morte do marido. O casal e o único filho, de 3 anos, moravam no bairro há pouco mais de um ano e haviam chegado de viagem nesta segunda-feira.
"Ela precisou receber um medicamento na veia porque ficou muito nervosa. O filho é pequeno e amava o pai", disse uma moradora, que não quis se identificar.
A dona de casa Fernanda da Silva, de 43 anos, que mora há quatro anos na região, conta que foi acordada pelo barulho dos tiros. "Foi desesperador. Foram muitos tiros. Fui ver o que havia acontecido e vi vários motoristas dando ré", contou.
Outra moradora da região contou que se assustou com o som dos disparos.
"Eu estava dentro de casa. Foi um barulho estrondoso, como uma explosão. Ouvi tiros em sequência e, até então, ainda não sabíamos da morte. Aí viemos pra cá e deparamos com o crime. No momento em que ele foi assassinado, estava um engarrafamento para sair para a Dutra. Essas pessoas vieram na direção contrária e atiraram", disse.
Uma testemunha contou ao DIA que viu o momento que um homem sem capuz atirou no policial. "Eu estava dentro de casa e escutei um barulho alto. Vim pra ver e quando sai vi os carros voltando na contramão. Quando olhei para cima vi um homem negro sem máscaras atirando perto da porta", lembra a testemunha. "Ele estava fora do carro. Como eu corri, fechei a porta e me escondi, não sei se eles subiram ou desceram a rua”, afirma.
Ainda não há informações sobre o que teria motivado o crime. A DHBF foi acionada ao local, e um helicóptero da polícia sobrevoou a região. Câmeras de segurança do bairro devem ajudar nas investigações.
A Polícia Militar emitiu uma nota lamentando a morte do major Luna, que estava na corporação há 17 anos. Segundo colegas de profissão, o militar participou de uma série de operações em que foram presos cúmplices de Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, 39 anos, que comanda o tráfico de drogas em várias comunidades da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. O militar também estava presente na ação que terminou com a morte de dois seguranças do criminoso, no dia 9 de novembro.
Guarabu é o chefe de tráfico mais antigo em atividade no Rio com mandados de prisão pendentes. Em maio deste ano, o oficial foi homenageado na Câmara Municipal do Rio com uma moção de louvor e aplausos, assinada pela vereadora Tânia Bastos (PRB).
Bairro cercado por cancelas
Por segurança, há anos moradores do bairro Jardim Esplanada decidiram fechar as ruas que dão acesso à Rodovia Presidente Dutra. O motivo é o alto índice de roubos e assaltos na região. Atualmente, quem vive no local já se acostumou com as cancelas que fecham alguns acessos do bairro à principal rodovia do estado.
"Eles colocaram as cancelas em uma época que havia muito crime aqui. Fecharam praticamente todas as ruas. Entretanto, a principal (a Rua Pensilvânia) não tem cancela. Viramos prisioneiros e a gente não tem saída. Eles assaltam mesmo assim (quando os moradores entraram e saem de suas casas)", contou uma moradora.
Número de PMs mortos no estado chega a 87
Com a morte do major Luna chega a 87 o número de policiais militares vítimas da violência no ano de 2018. Desse total, 23 estavam de serviço, 52 na folga e 12 eram reformados ou estavam na reserva remunerada.