Rio - O advogado do ex-policial militar Élcio Queiroz, preso na manhã desta terça-feira acusado de ser o condutor do Cobalt usado no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, é ex-aluno do governador Wilson Witzel. Em outubro de 2018 a revista Veja reproduziu uma troca de mensagens de WhatsApp entre os dois em que o ex-juiz federal disse a Azenha: "Você me representa". O advogado contou que foi um dos coordenadores de sua campanha no começo do processo eleitoral, o que Witzel nega.
Segundo a publicação, Azenha se filiou ao PSC na mesma época de Witzel. Seu desejo era ser deputado, mas ele não chegou a concorrer às eleições. À "Veja", Azenha contou que pedia doações e organizava almoços e jantares para Witzel quando ele ainda era um candidato desconhecido, e pedia votos em diferentes municípios do Estado. Numa troca de mensagens, o ex-juiz convidou-o para ir à sua casa: "quando quiser, venha". Luiz Carlos Cavalcanti Azenha foi condenado por esconder o traficante Nem da Rocinha no porta-malas de seu carro em 2011 e oferecer suborno a policiais.
Após a divulgação do relacionamento entre os dois, de acordo com Azenha, ele foi bloqueado por Witzel no WhatsApp e alertado para ficar "quieto"; assim, receberia um cargo num eventual governo do ex-juiz. Witzel sustenta que o advogado é apenas um ex-aluno e que nunca lhe prometeu cargo.
A campanha de Witzel chegou a divulgar nota que diz que o candidato "jamais negou que conhecia ou que tenha estado com o advogado Azenha, que foi seu aluno, assim como com um incontável número de advogados criminais, cuja atuação em defesa de todo e qualquer cidadão deve ser respeitada"; "reafirma que Azenha nunca teve participação na campanha"; "se filiou ao partido na mesma data" de Azenha (2/3/2018), "assim como mais de 200 outras pessoas". O comunicado diz também que depois da filiação o candidato "teve conversas políticas com todos esses pré-candidatos".
Em seguida, o ex-advogado de Nem disse em um grupo de advogados no WhatsApp que estava extremamente magoado com Witzel. “Sou apenas e tão somente um ex-aluno dele (a pessoa que iniciou e levou ele em todos os cantos desse estado, acreditando nele! Quando todos desacreditavam, agora passa a ser apenas ex-aluno. Desculpem, mas não posso falar. Ele me disse isso”, escreveu em conversa registrada pela revista.
Élcio foi policial militar, mas acabou expulso da corporação
O ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz preso nesta terça foi alvo, em fevereiro de 2011, da Operação Guilhotina, realizada pela Polícia Federal, que prendeu 40 policiais civis e militares que eram coniventes como o tráfico de drogas, contravenção e a milícia. Na época, Élcio Queiroz era lotado no 16º BPM (Olaria).
Élcio foi expulso da Polícia Militar em janeiro de 2015 após conclusão do Conselho de Disciplina instaurado pela Corregedoria da corporação. Nele, ficou constatado a participação dele com a contravenção (atividade ilegal de exploração de jogos de azar), de acorpo com a PM.
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