Daiane está sendo assistida pela ONG Rio de PazDivulgação / ONG Rio de Paz
Por MARIA INEZ MAGALHÃES
Publicado 16/04/2019 19:28

Rio - A juíza de plantão Maria Izabel Pena Pieranti acabou de determinar a transferência de Luciano Macedo do Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, para o Hospital Municipal Doutor Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Luciano foi baleado no pulmão durante ação do Exército em Guadalupe no último dia 7. Ele foi atingido quando tentou socorrer o músico Evaldo Rosa dos Santos, que acabou sendo morto. O carro de Evaldo foi atingido por mais de 80 disparos. Outro passageiro do carro também foi ferido.

A transferência de Luciano deve ser feita em até 6h desta quarta-feira, após o estado e município serem notificados da decisão sob pena de multa de R$ 2 mil por hora excedida do prazo. Se ultrapassar 24 horas da decisão, esse valor sobe para R$ 5 mil. Ação é movida pelo escritório João Tancredo e ONG Rio de Paz.

Luciano necessita de uma cirurgia devido a complicações nos pulmões provocados pelos tiros e o Hospital Carlos Chagas não têm condições de operá-lo. Se a decisão não for cumprida, ele será transferido para um hospital particular e o estado e o município terão que arcar com as despesas.

O presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, obteve informações atualizadas sobre o quadro clínico do catador de lixo junto ao médico plantonista no Hospital Carlos Chagas na tarde desta terça-feira. “Fui até o hospital com a mãe do Luciano, dona Aparecida, que gentilmente me convidou para ir com ela ao CTI. Passou 40 minutos chorando e afagando o filho, em cujo braço esquerdo há uma tatuagem com o nome da mãe”, conta Costa.

Paciente passará por traqueostomia

O médico plantonista explicou ao presidente do Rio de Paz que o paciente será submetido a uma traqueostomia entre hoje e amanhã e está febril, o que demanda o uso de antibiótico mais potente para combater uma possível infecção generalizada. A traqueostomia é uma intervenção cirúrgica que consiste na abertura de um orifício na traqueia e na colocação de uma cânula para a passagem de ar.

Inicialmente, o Exército alegou que o motorista e um comparsa passaram atirando contra os soldados e que se tratavam de criminosos. No mesmo dia, veio à tona que dentro do carro estava uma família que seguia para um chá de bebê. O sogro de Evaldo foi baleado nas costas e já recebeu alta. O filho de 7 anos, a mulher do músico e uma amiga estavam no veículo, mas não foram atingidos.

A mulher de Luciano, Daiane Horrara, também catadora de lixo, de 27 anos, contou que implorou aos militares para não matarem o companheiro.“Ele é trabalhador! Não o mate”, gritou, na ocasião.

Carro em que Evaldo estava foi alvo de cerca de 80 tirosReprodução / Internet

Família cobrará indenização

O advogado João Tancredo também entrará com uma ação indenizatória contra a União em razão dos mais diferentes tipos de danos sofridos pelo Luciano e sua família. Nesta ação, será solicitado atendimento psicológico, medicamentos, pensionamento, dano moral, dano estético e tratamentos médicos.

“As notícias falsas referentes à morte do Luciano causaram muito dano emocional à sua família, que não descansou até ser informada pelo hospital que ele se encontrava vivo”, conclui Antônio Carlos Costa, da ONG Rio de Paz.

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