Publicado 06/08/2019 06:39 | Atualizado 06/08/2019 15:24
Rio - A Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) fez, nesta terça-feira, uma megaoperação para prender 80 suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em roubo de carros na Vila Kennedy e região. Na Operação Lego, como foi batizada, além das prisões, a Polícia Civil também cumpriu 40 mandados de busca e apreensão no bairro da Zona Oeste do Rio e em outros pontos da cidade.
Ao todo, 11 pessoas foram presas e vários materiais foram apreendidos, dentre eles um caminhão tanque e dezenas de peças de carros.
Dentre os presos está Gabriel de Andrade de Oliveira, que é apontado como um dos envolvidos na morte do subtenente da reserva da PM Carlos Alberto Pitta. O policial foi assassinado durante uma tentativa de assalto em maio de 2017, em Bento Ribeiro, na Zona Norte. Gabriel foi preso em casa, na Vila Kennedy.
INVESTIGAÇÕES
Durante as investigações, que duraram cerca de três meses, os policiais descobriram que o bando tem como base a Vila Kennedy, mas também atua em bairros vizinhos, como Campo Grande, Santa Cruz e Bangu.
"(As investigações começaram) a partir do alto índice de roubo de veículos na região. Aqui é uma região que temos conhecimento de que é sensível esse tipo de crime", destacou o titular da DRFA, o delegado Alessandro Petralanda. "Começamos um trabalho de investigação e vimos que tem esse grupo criminoso que roubava e fazia com que os índices subissem demasiadamente".
Segundo o delegado, a quadrilha age comprando carros amassados, batidos e praticamente irrecuperáveis em leilões, por um valor bem abaixo do mercado. A partir daí, eles roubam outros veículos do mesmo modelo para desmanchá-los e retirar peças para reconstruir os automóveis dos leilões.
"Depois, eles vendiam esse veículo para o mercado a preço de mercado mesmo e esse valor era revertido para essa organização criminosa para que eles pudessem comprar armas e drogas", o titular da DRFA detalhou.
USO DOS CARROS
Os criminosos usavam os carros reconstruídos para transportar armas, drogas e criminosos entre comunidades, além de revendê-los para conseguir recursos para a quadrilha. Durante anos, os bandidos movimentaram milhões de reais no esquema.
"Eles roubavam tanto que esses veículos também eram usados para transportar drogas de outros estados para o Rio de Janeiro e também de outros países, como o Paraguai", Petralanda acrescentou.
Ainda de acordo com o delegado, o bando não tem uma liderança específica, agindo como uma empresa com vários diretores. Após o roubo, eles se reuniam para decidir o que iriam fazer com o veículo.
"Primeiro eles roubavam os carros; quando chegavam aqui na comunidade (Vila Kennedy) - eles traziam todos para cá -, o grupo se reunia e decidia o que iria fazer com o carro. Alguns até eram para corte para levar para alguns ferro-velhos, que receptavam essas peças. Eles roubavam tanto que sobrava peça e eles colocavam em ferros-velhos para venda. O que eles pudessem ganhar dinheiro com esses carros roubados eles ganhavam", o delegado destacou.
A operação contou com cerca de 200 policiais civis. Além da DRFA, quatro blindados da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), um helicóptero da secretaria e diversas delegacias deram à ação. Os presos e os materiais apreendidos foram levados para a Cidade de Polícia, no Jacaré, Zona Norte.
TIROTEIO
No início da operação, por volta das 6h, houve uma intensa troca de tiros na Vila Kennedy. Por volta das 8h40, novos tiros foram disparados na comunidade. Os tiroteios aconteceram principalmente nas localidades conhecidas como Malvinas e Congo.
"Encontramos resistência na entrada (dos policiais), como era de se esperar, mas rapidamente dominamos o local, rapidamente estabilizamos a comunidade, para que as equipes pudessem entrar e cumprir os mandados de prisão", contou Petralanda.
Em um vídeo divulgado pelo aplicativo "OTT-RJ" é possível ouvir um dos momentos dos tiros na região; confira!
PREJUÍZO DE R$ 500 MIL
No sábado, a DRFA apreendeu 40 kg de pasta base de cocaína da quadrilha, que estavam em um Fiat Toro, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense. A droga está avaliada em R$ 500 mil e iria para o Complexo do Chapadão, na Zona Norte da capital.
"Esse carro que a gente apreendeu, junto com essa apreensão dos 40 kg, ele é um carro também montado em leilão, com peças roubadas", o delegado disse.
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