O prédio do antigo Automóvel Clube do Brasil está abandonado, com rachaduras e vidros quebradosCléber Mendes
Por Waleska Borges
Pela segunda vez este ano, não apareceu nenhum interessado no edital de concessão à iniciativa privada do edifício do antigo Automóvel Clube do Brasil, no Centro. O certame deveria ter ocorrido na última quarta-feira. A primeira tentativa aconteceu em janeiro deste ano. Erguido em 1854, o imóvel - que é tombado desde 1965 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) - pertence à prefeitura. Enquanto não há solução para o destino do prédio, ele está se deteriorando. Há rachaduras, paredes sem rebocos, vidros quebrados e parte do assoalho arrancada.
De acordo com o edital publicado pela prefeitura, estava prevista a concessão de gestão e exploração do imóvel pelo prazo de 25 anos, com a obrigação do interessado fazer a modernização das edificações existentes. Além disso, seria cobrado pelo município aluguel de R$ 37 mil mensais.
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Para Sheila Castelo, fundadora da página S.O.S Patrimônio em uma rede social, as condições impostas pela prefeitura no edital de concessão torna a proposta inverossímil."Essa situação de abandono é o reflexo da falta de planejamento das autoridades. Não vejo vontade política em resolver o problema".
Em 2016, a prefeitura também decidiu abrir um chamamento público em busca de interessados em assumir o imóvel. O Automóvel Clube do Brasil (de São Paulo) foi o único interessado. A concessão, porém, não foi adiante. Fechado há 15 anos, o edifício de três andares chegou a ser invadido, em setembro do ano passado. A proposta era de implantar, no interior do casarão, um museu do automobilismo.
A construção em estilo neoclássico reunia a elite e intelectuaisReprodução
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Restauração
"Uma solução rápida e emergencial tem que ser dada, antes que este Palácio se transforme em cinzas. Tenho um projeto para resgatar o prédio e instalar lá o Museu do Rodoviarismo e Automobilismo", argumentou a arquiteta Elizabeth Parkinson.
Claudio Prado, diretor do Inepac, avalia o custo da restauração em torno de R$12 milhões. "É um prédio criado para ser um salão de bailes, lindíssimo porém muito específico, com pé-direito muito alto, o que dificulta o seu uso para fins comerciais, já que não se pode fazer grandes alterações por ser um bem tombado pelo Inepac", comentou.
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O arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti lembra que o edifício é uma das principais construções em estilo neoclássico da cidade. Segundo ele, o espaço era frequentado pela elite do Império.
"O edifício foi projetado pelo arquiteto Araújo Porto Alegre. Era um lugar que reunia a elite e os intelectuais. Na minha opinião, o edifico deveria ser dado em comodato à UFRJ, que tem ali próximo a sua Escola de Música", sugeriu Cavalcanti.
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Por mais de três décadas, o edifício na Rua do Passeio abrigou o Automóvel Clube. Em 1996, por motivos financeiros, o imóvel foi alugado para a instalação do Bingo Imperial. O prédio foi leiloado no ano de 2003 sendo arrematado pelo município. Desde 2004, encontra-se fechado. A Secretaria Municipal de Fazenda informou que permanecerá em busca de um parceiro privado para investir, recuperar e ocupar o prédio. Não há data para nova licitação.